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Cresce pressão por saída do presidente da Caixa após denúncias de assédio sexual

Funcionárias do banco relataram ao Ministério Público abordagens inapropriadas de Pedro Guimarães durante sua gestão; ala política do governo e dirigentes do banco pressionam pela demissão do executivo

Foto do author Fernanda Guimarães
Foto do author Eduardo Gayer
Por Fernanda Guimarães , Eduardo Gayer e Lucas Agrela
Atualização:

O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra o presidente da instituição, Pedro Duarte Guimarães. A abertura da investigação, que está em andamento sob sigilo, foi confirmada pelo Estadão

Cinco funcionárias relataram abordagens inapropriadas do presidente do banco. A revelação das denúncias foi feita pelo site Metrópoles na terça-feira, 28.

Pedro Duarte Guimarães, presidente da Caixa, é acusado por funcionárias de assédio sexual Foto: Walterson Rosa

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Dentro do banco, a abertura da investigação fez crescer a pressão para que o executivo deixe o cargo. Fontes ouvidas pelo Estadão dizem que a situação ficou insustentável. Na noite de terça, 28, a Caixa informou que o pronunciamento e a entrevista coletiva com Guimarães, previstos para esta quarta,foram cancelados. O banco promoverá um evento em Brasília para tratar da estratégia para o Plano Safra 22/23. Além de fazer um pronunciamento, Guimarães responderia a perguntas de jornalistas. A Caixa não informou o motivo dos cancelamentos. 

Pressão política

A ala política do governo também pressiona por uma demissão imediata. O entorno do chefe do Executivo, no entanto, ainda evita cravar qual será a decisão sobre Pedro Guimarães, aliado de primeira hora do presidente.

Na avaliação de interlocutores do Centrão, Bolsonaro “não pode arriscar” manter no cargo um auxiliar com denúncias de assédio no momento em que tenta ganhar popularidade entre as mulheres, segmento do eleitorado no qual enfrenta grande rejeição. O presidente é pré-candidato à reeleição e, em todas as pesquisas de intenção de voto, hoje perderia a disputa para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Proximidade

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Pedro Guimarães é muito próximo de  Jair Bolsonaro, e também há um temor entre pessoas ligadas à campanha do presidente à reeleição de que as denúncias acabem tendo um efeito negativo. O executivo da Caixa é presença constante nas lives do presidente, que o apelidou de PG2, em referência a Paulo Guedes, chamado de PG. O nome de Guimarães já chegou a circular como um eventual ministro da Economia, em caso de saída de Guedes.  

O líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou um requerimento solicitando a convocação de Pedro Guimarães para que ele esclareça denúncias de assédio sexual. O documento foi apresentado na Comissão de Direitos Humanos (CDH).

No requerimento, Randolfe pontua que a convocação “será fundamental para a proteção das mulheres trabalhadoras da Caixa Econômica Federal, que até então nunca havia passado por escândalo semelhante em seus em seus 161 anos de existência”.

Relatos

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Segundo um dos relatos feitos ao Metrópoles, uma funcionária diz que o presidente do banco teria passado a mão em suas nádegas. Em outro caso, o executivo teria convidado outra funcionária para dentro de seu quarto de um hotel, para entregar o que fora pedido, quando pediu a ela para tomar um banho e voltar para conversar sobre a carreira em seu quarto. 

Em outra viagem, segundo o site, Guimarães teria colocado o celular e a chave do seu quarto do hotel no bolso de uma funcionária e dito a frase “vou botar aí na frente”.

Não é a primeira vez que o nome do executivo aparece associado a denúncias de assédio. No primeiro ano do governo, em 2019, Guimarães teria sido flagrado junto com uma funcionária do banco dentro do carro no estacionamento na sede da instituição.  A denúncia, no entanto, não foi à frente.

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Procurado pelo Estadão, o Ministério Público Federal afirmou que não fornece informações sobre procedimentos sigilosos. A Caixa não respondeu aos questionamentos do Estadão até a publicação desta reportagem. 

Em nota enviada ao Metrópoles, a Caixa informou que não tem conhecimento sobre as denúncias de assédio sexual contra Guimarães e que tem protocolos de prevenção contra casos de qualquer tipo de prática indevida por seus funcionários.

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“A Caixa não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo. A Caixa esclarece que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio. O banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de ‘qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça’, informou, em nota ao site.

Notificação por flexões

No fim do ano passado, durante um evento de metas, Guimarães pediu que funcionários da Caixa fizessem flexões de braço. À época, o Sindicato dos Bancários do ABC ligou a conduta do presidente da Caixa à do presidente Jair Bolsonaro.

O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal notificou Guimarães e recomendou que o presidente da instituição se abstenha de submeter os colaboradores a casos de mesmo teor e outras ‘situações de constrangimento no trabalho’ sob pena de abertura de um procedimento investigatório e adoção de medidas para correção da conduta, sem embargo de responsabilizações civil, criminal e administrativa’.

O texto do Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal destacou que o gesto consistia em violência psicológica, tendo o ‘condão de produzir graves consequências à saúde mental dos trabalhadores’. / COLABORARAM MATHEUS PIOVESANA E IZAEL PEREIRA

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