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Governo indica seis novos nomes para representá-lo no conselho da Petrobrás

Dos indicados, três são militares, entre eles o general Silva e Luna, escolhido para ser o presidente da estatal no lugar de Castello Branco; em outro movimento, acionistas minoritários tentam ampliar sua participação no colegiado

Por Denise Luna (Broadcast) e
Atualização:

RIO - Uma semana depois que quatro membros do Conselho de Administração da Petrobrás entregaram seus cargos, o governo federal divulgou na segunda-feira, 9, uma lista de nomes indicados para representá-lo no comando da estatal. A indicação contempla seis das oito vagas que a União tem direito por ser acionista majoritária. O novo time será composto por três militares, entre eles o general Joaquim Silva e Luna, que deve ocupar também a presidência da petrolífera no lugar de Roberto Castello Branco

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As outras três indicações são de dois ex-funcionários Petrobrás com passagem pela iniciativa privada (Márcio Andrade Weber e Murilo Marroquim de Souza) e de uma executiva, Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, que já atuou no conselho da estatal. O governo poderá ainda ocupar mais dois lugares. Os possíveis nomes, no entanto, não foram divulgados.

Em entrevista ao Estadão /Broadcast, Sonia sinalizou a intenção de defender a continuidade da Política de Paridade de Importação (PPI) adotada na gestão de Castello Branco.

Após interferência do governo no comando da Petrobrás, conselheiros informaram que não pretendem ser reconduzidos ao colegiado. Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Pelo PPI, os preços dos derivados de petróleo acompanham as variações da cotação do petróleo no mercado internacional e também do câmbio. Com isso, à medida que a commodity ganha força nas principais Bolsas globais de negociação, os preços dos combustíveis sobem no Brasil. Apenas neste ano, a gasolina ficou 54% mais cara nas refinarias da Petrobrás e o óleo diesel, 42%.

“O primeiro desafio, a questão dos preços do petróleo, isso infelizmente só o tempo vai mostrar. Não há maneira de voltar a ganhar credibilidade a não ser num dia após outro, numa semana após a outra, em um mês após o outro, quando o mercado ficará mais confortável de que a paridade internacional está sendo respeitada. Não tem muito o que fazer”, afirmou ela.

As desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro e Castello Branco se tornaram públicas exatamente por conta do PPI, após o anúncio do quarto reajuste dos combustíveis em 2021. Bolsonaro demitiu o executivo pelas redes sociais, no dia 19 do mês passado, e, desde então, os preços da gasolina e do diesel já foram revistos mais duas vezes. O episódio foi visto no mercado como interferência do governo na Petrobrás e levou a empresa a perder valor na Bolsa de Valores

Professora do Insper e atual membro dos conselhos da Telefônica Brasil e da Latam, Sonia participou do colegiado da Petrobrás no período de maio de 2018 a julho de 2020. Há mais de 30 anos ela atua no mercado acionário.

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Além dela, o governo vai contar com dois militares que já tinham assento no conselho da petrolífera e, agora, vão ser reconduzidos: o almirante da Marinha Eduardo Bacellar Ferreira Leal, presidente do colegiado, e o engenheiro e oficial da reserva da Marinha Ruy Flaks Schneider.

Analistas receberam bem as indicações. “Mesmo a Sonia Julia, que não é do setor de petróleo, atua ativamente em outros conselhos de companhias. São nomes técnicos e pró-mercado. Isso é muito importante, porque o conselho toma decisões-chave, como a venda das refinarias”, avaliou Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

O analista de ativos mobiliários do Bradesco BBI Vicente Falanga classificou as indicações como “tecnicamente sólidas”. “Temos de esperar e ver como essa nova gestão vai interagir com as mensagens vindas do governo federal”, afirmou Falanga, em relatório assinado junto com Ricardo França, analista de investimentos da ÁgoraCOLABORARAM ERNANI FAGUNDES, WAGNER GOMES e FERNANDA GUIMARÃES

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