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Ministro acusa Menem de atrapalhar negociações com FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente da Argentina, Carlos Menem (1989-99), está sendo mais uma vez fonte de preocupação para o presidente Eduardo Duhalde. Os dois maiores inimigos existentes dentro do partido Justicialista (Peronista) desta vez estão brigando pela atenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo acredita que Menem e seus assessores pediram ao organismo financeiro que não feche um acordo com Duhalde. A falta deste acordo poderia causar a saída antecipada do presidente. Dentro do círculo de Menem, considera-se que quanto mais cedo as eleições presidenciais ocorrerem, "El Jefe" (O Chefe), como é chamado por seus seguidores, teria mais chances de vencer. A denúncia foi feita pelo ministro da Produção, Aníbal Fernández, que disse - sem citar nomes - que assessores de Menem teriam feito esse pedido ao FMI. O argumento dos assessores era que o Fundo teria que esperar Menem vencer as eleições presidenciais do ano que vem. Desta forma, argumentavam os "menemistas", o FMI assinaria um acordo com um presidente empossado. Além disso, estaria de novo no comando da Casa Rosada, a sede do governo, um presidente com perfil propenso a aceitar com facilidade as duras exigências do Fundo. Segundo Fernández, um dos assessores econômicos disse que ele próprio seria o futuro ministro da Economia da Argentina e que assinaria diversas das exigências que o FMI faz e hoje são rejeitadas pelo governo Duhalde. O homem-forte de Duhalde na Câmara de Deputados, José Díaz Bancalari, declarou que os assessores que haviam ido para Washington desprestigiar o governo eram Pablo Rojo, Rogelio Frigerio Nieto e Franciso Susmel. O organizador deste encontro dos economistas menemistas com o Fundo teria sido Diego Guelar, que até poucos dias atrás era o embaixador argentino na capital americana. Guelar é um homem de confiança de Menem e especula-se que em um eventual governo menemista seria o novo chanceler. Hoje, o presidente Duhalde tentou colocar panos quentes na polêmica sobre Menem e o FMI. "Nada consta, para mim", disse. Pré-candidato Menem é pré-candidato do peronismo às eleições presidenciais, marcadas para abril do ano que vem. A posse do novo presidente seria em maio. No entanto, Menem não é o preferido entre os pré-candidatos peronistas. Até agora, o ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá é o preferido. O segundo lugar no ranking peronista estaria nas mãos do ex-governador Néstor Kirchner e Menem ficaria em terceiro lugar. Menem também estaria por trás das manobras da Corte Suprema de Justiça para "redolarizar" os depósitos originalmente feitos na moeda americana, que o governo Duhalde "pesificou" (isto é, passou de dólares para pesos) no início deste ano, acabando assim com a conversibilidade econômica, a menina dos olhos do ex-presidente. Grande parte dos juízes da Corte Suprema são declaradamente amigos de Menem. A "redolarização" dos depósitos é uma promessa do ex-presidente, que há vários anos prega a dolarização da economia argentina. Desde o início da campanha presidencial, Menem suavizou levemente este discurso e agora fala também na criação de uma nova conversibilidade econômica, onde o peso novamente ficaria amarrado ao dólar.

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