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Ministro da Agricultura critica cafeicultores e usineiros

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, fez duras críticas à falta de organização em setores agrícolas brasileiros e citou os setores do café e sucroalcooleiro como exemplos dessa falta de articulação. As críticas foram feitas durante discurso no seminário Além das Porteiras, organizado na noite de quarta-feira pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em Ribeirão Preto, para uma platéia formada por operadores e representantes de empresas que acompanham a Agrishow 2003 - Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação. "Somos absolutamente desarticulados. O café é talvez o setor com o qual conversei mais desde que assumi. Eu nunca vi tanta incapacidade para apresentar uma política única", disse Rodrigues. "Já o setor sucroalcooleiro não é diferente. Não há um programa para o álcool, que é estratégico para o País, e não é possível que o combustível fique sujeito ao lucro e à opção pela produção de açúcar na hora que for mais conveniente." Rodrigues citou ainda a cadeia milho-sorgo-aves-suínos para exemplificar a falta de organização. "Quando o milho estava barato, os produtores de aves e suínos nem se importaram. O produtor de milho abandonou o produto e hoje as aves e suínos não têm o que comer." Segundo Rodrigues, o lobby é necessário para que os setores agrícolas possam se articular. "Temos medo de fazer lobby como se isso fosse palavrão ou prostituição. Lobby é legítimo e o setor privado precisa fazê-lo junto ao Legislativo, ao Executivo, e neste momento eu não enxergo nenhum." Para o ministro, os produtores rurais deveriam ter como exemplo a pressão política que é feita pelos agricultores nos Estados Unidos, Japão e Europa. "Nessas regiões, o lobby e a articulação dos setores são infinitamente maiores do que no Brasil. Aqui, o peso político do agronegócio não corresponde ao que ele representa para a economia." O ministro disparou duras críticas também aos setores de máquinas agrícolas e de fertilizantes. Segundo ele, os reajustes nos dois setores foram "espantosos" e "sem cabimento". "O governo vem incentivando a modernização por meio do Moderfrota e os preços dos tratores e de máquinas agrícolas subiram espantosamente. Isso não faz sentido. A desculpa (para os aumentos) era a variação do dólar. Agora que o preço (da moeda) caiu, quero ver o que acontece. Não têm cabimento ainda os aumentos nos preços dos fertilizantes nos últimos dois anos. Vamos usar o bom senso", completou.

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