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Ministro da Defesa defende decisão sobre Embraer e Boeing só depois das eleições

Ministro da Defesa, o general Joaquim Silva e Luna, entende que período de campanha pode 'atrapalhar' negociação

Por Tania Monteiro
Atualização:

O ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, prevê que as empresas Boeing e Embraer só apresentarão ao governo os termos do acordo da venda da empresa brasileira à norte-americana após o segundo turno das eleições. Seria "lá para novembro", na avaliação do ministro. Ele entende que se o tema for tratado durante o período de campanha pode "atrapalhar" a negociação, que envolve US$ 3,8 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões).

"Imaginamos que as pessoas que estão tratando desse assunto tenham a sensibilidade para trazer este tema ao governo depois de passado este período. Imaginamos que o assunto seja trazido ao governo terminado o período eleitoral. Lá para o mês de novembro", declarou, ao ser questionado pelo Estado.

Segundo o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, os investimentos nas Forças Armadas estão escassos Foto: Marcos Corrêa/PR

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Segundo Silva e Luna, o governo entende que a negociação pode ser prejudicada se esse assunto for tratado durante o processo eleitoral. Essa preocupação e a ideia de que o acordo só seja selado depois de novembro, foi adiantada pelo Estadão/Broadcast. "Se isso (a avaliação do acordo) for trazido agora, entendemos que possa embolar alguma coisa ou dificultar as negociações", afirmou o ministro, que afasta qualquer possibilidade de dano à área de Defesa.

"O que está desenhado na área de Defesa hoje, não ameaça", assegurou.

O governo já participou de discussões informais com Boeing e Embraer e um grupo de trabalho foi formado por integrantes da Defesa, BNDES, Aeronáutica e Fazenda, para analisar a venda da empresa brasileira. Apesar disso, o governo brasileiro não foi ainda comunicado oficialmente sobre o negócio. "Está desenhada a criação de uma joint venture, com 80% das ações para Boeing, voltada para comercialização, e outra empresa brasileira, para desenvolvimento de projetos de defesa, que interessam às Forças Armadas, com total governança pelo Brasil", confirmou o ministro, justificando que a negociação "não compromete os projetos do País".

Para Silva e Luna, "não é hora de o governo brasileiro se manifestar ainda". Explicou em seguida que, depois de consultado formalmente, o governo terá 30 dias de prazo para analisar a proposta e se manifestar.

Perguntado se há alguma preocupação com a questão da segurança nacional, o ministro salientou que "defesa é um problema do Brasil" e o ministério está atento a isso. Segundo ele, "os projetos nos quais a Embraer está envolvida, ligados à área de Defesa, têm de ser preservados, com domínio 100% pelo Brasil"

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De acordo com apuração do Estado, o governo federal está disposto a dar seu aval à venda da Embraer para a Boeing. Apesar de a decisão política já estar tomada, não há possibilidade de o negócio ser chancelado pelo Palácio do Planalto antes do segundo turno das eleições presidenciais porque há trâmites burocráticos a serem cumpridos, e o governo não quer que o tema seja explorado durante a campanha, gerando mais críticas à gestão atual e atrapalhando o negócio.

Além disso, após o aval do Planalto, no fim do ano, o negócio deverá levar mais quatro meses para ser concluído, segundo fontes ouvidas pela reportagem. A cúpula do governo avalia que qualquer movimentação da União sobre Boeing e Embraer antes das eleições poderia influenciar a discussão entre os candidatos à Presidência e também abrir brechas para ações judiciais.

As negociações preveem a incorporação da área de jatos comerciais por uma nova empresa, ainda sem nome, na qual a Embraer deterá participação de 20%. Enquanto isso, os segmentos de aeronaves militares e jatos executivos continuarão nas mãos da Embraer.

O acordo entre a brasileira e a americana é uma resposta a uma parceria na mesma área, formada por suas principais rivais, a europeia Airbus e a canadense Bombardier - esta última é a principal concorrente da Embraer na produção jatos médios, para voos regionais.

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