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Ministro diz que greve de funcionários da Petrobrás tem motivação política

Segundo Bento Albuquerque, fechamento de fábrica de fertilizantes no Paraná é uma desculpa para o movimento, que começou no dia 1º; petroleira foi autorizada a contratar trabalhadores temporários

Por Anne Warth e Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que a greve dos funcionários da Petrobrás tem motivações políticas. Segundo ele, o fechamento da fábrica de fertilizantes de Araucária (PR), a Fafen, é uma desculpa para o movimento, que se iniciou no dia 1º de fevereiro. "Eu acho que tem uma motivação política", afirmou, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast nesta segunda-feira, 10.

Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) contabiliza a adesão de mais de 20 mil trabalhadores da empresa, em 92 unidades e 13 Estados. Na sexta-feira, 7, a Petrobrás foi autorizada a contratar trabalhadores temporários para compensar a ausência dos grevistas.

"O que eles argumentam da motivação, que é a fábrica de fertilizantes de Araucária, é um assunto que já vem sendo tratado há mais de ano. É de conhecimento público que a Petrobrás ia fazer aquele desinvestimento, que aquela fábrica traz um prejuízo para a empresa de R$ 400 milhões por ano. E que não faz parte do plano de negócios da empresa, que foi aprovado pelo Conselho de Administração", afirmou o ministro.

"Da mesma forma ocorreu em Sergipe e na Bahia, com as outras fábricas de fertilizantes, que hoje em dia foram arrendadas para cumprir o seu papel, que não é o papel da Petrobrás, também será feito lá em Araucária. Não tem FUP ou outra central que mude essa decisão", disse.

Segundo o ministro, a gestão dos impactos da greve na empresa é um problema da Petrobrás e que o governo acompanha o tema por meio de informações da companhia, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), mas não pretende interferir. "Por enquanto, as informações que temos é de que está tudo dentro da normalidade", afirmou.

"A gente tem de se acostumar, e tenho falado isso, que as instituições estão funcionando. A Justiça do Trabalho está fazendo o papel dela, os sindicatos estão fazendo o papel deles, a empresa está fazendo o papel dela, e o governo está fazendo o acompanhamento que tem que fazer, porque é uma empresa de economia mista em que a União é a principal acionista", disse.

Reação

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) reagiu às declarações do ministro e declarou que “os melhores dicionários da língua portuguesa definem a palavra ‘sindicato’ como uma entidade que representa e defende os interesses profissionais e econômicos comuns de seus associados”.

Segundo a FUP, o ministro “mostrou desconhecer” a legislação que regula o direito de greve no País.“Tal legislação define precisamente que motivações podem gerar uma greve. E a greve nacional dos petroleiros cumpre todos os requisitos legais para sua realização. A legislação, inclusive, proíbe movimentos com ‘motivação política’, justamente para evitar que tal ação, que somente se deve dar após ausência de negociações, não seja utilizada de forma abusiva”, afirma a federação.

A pauta de reivindicações da categoria, segundo a FUP, é clara, ao pedir a permanência da operação da Fafen-Paraná para manutenção dos 1 mil trabalhadores da unidade, além do “cumprimento das negociações fechadas com a Petrobrás na ocasião do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) em novembro”.

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