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Ministro informa que caso Varig continua sem solução

Segundo Waldir Pires, o governo continua empenhado em buscar uma solução "que atenda a toda sociedade, e que seja dentro da lei"

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse hoje que não foi conclusiva a reunião, no final da tarde de ontem, na Casa Civil, sobre a situação financeira da Varig. "Ainda estamos ouvindo todos e a grande discussão é ver se há condições legais de ajudar a empresa", afirmou Pires, depois de ser questionado sobre se o governo está estudando a proposta da companhia aérea, de obter dos credores estatais uma moratória de suas dívidas de três a seis meses. Segundo o ministro, o governo continua empenhado em buscar uma solução "que atenda a toda sociedade, e que seja dentro da lei". Ontem, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vetou a proposta apresentada pela companhia aérea OceanAir de usar linhas da Varig. Segundo a agência, a operação foi rejeitada por razões "técnicas e jurídicas", mas os detalhes só serão divulgados hoje. A situação da Varig fica ainda mais complicada sem a parceria. O acordo previa que a OceanAir, do empresário German Efromovich, assumiria linhas da Varig pelo prazo de seis meses. Durante esse período, a OceanAir pagaria as contas da Varig, excluindo as dívidas antigas. Seria uma maneira de aliviar a pressão financeira sobre a empresa e ganhar tempo. Ao final do período, a Ocean Air ficaria com pelo menos 10% dos horários e espaços - slots - da Varig nos aeroportos. Dependência Sem o acordo, a Varig depende ainda mais da ajuda do governo para continuar voando. Ontem, as ações da empresa caíram 20% na Bolsa de Valores, como efeito das declarações feitas na sexta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo Mantega, o "papel do governo não é dar socorro". A Varig tenta obter junto às empresas estatais uma suspensão no pagamento das dívidas pelo prazo de três a seis meses. A Varig deve cerca de R$ 500 milhões à Infraero. A empresa quer que a cobrança de tarifas aeroportuárias seja suspensa durante a moratória, algo que a Infraero teria dificuldades legais em aceitar. O Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal pressionam para que a estatal siga cobrando as tarifas. "Não é um ato simples do governo", disse Pires. "Mas esse (crise da Varig) é um assunto importante até pela longa tradição da empresa no País." Devolução de aviões Enquanto negocia a trégua com o governo, a Varig corre para cortar gastos e continuar voando. A empresa planeja devolver 15 aviões às empresas de aluguel de aeronaves e cancelar linhas regionais, como parte de seu plano de emergência. Segundo fontes ligadas à empresa, devem ser entregues principalmente aeronaves que estão paradas, em manutenção. A frota da Varig é de 71 aviões, mas apenas 54 estão voando. A devolução de aviões não apenas é um modo de reduzir os custos da empresa, mas também de atender à forte pressão das companhias de leasing. Só a ILFC briga na Justiça americana para retomar 11 aviões. Sem dinheiro em caixa, a Varig precisa devolver os aviões. Mas até isso será difícil. A lei manda que os aviões devem ser entregues em ordem, exatamente como chegaram ao Brasil. A Varig terá de arrumar dinheiro para o conserto e a troca de peças dos aviões. Hoje, a companhia deve R$ 200 milhões à VEM, empresa de manutenção de aviões.

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