Grandes potências mundiais concordaram no sábado em retomar negociações em torno da liberalização comercial global, suspensas há seis meses, mas por enquanto nenhum cronograma foi estabelecido, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. Lamy fez a proposta a cerca de 30 ministros reunidos em Davos para ver se o progresso recente em discussões bilaterais entre grandes potências poderá levar a uma retomada completa das negociações na entidade de 150 países. Os ministros esperam conseguir "um acordo de ampla base" em Doha e destacaram a necessidade de "as negociações terem um alcance mais global" e compartilharam a opinião de que todas as sensibilidades expressadas durante o processo "estejam representadas para se alcançar um acordo bem-sucedido".Os participantes da reunião também expressaram seu desejo de que as negociações sejam retomadas o mais rápido possível em Genebra, após seis meses de suspensão, devido à incapacidade das principais potências comerciais, do mundo industrializado e em desenvolvimento, de alcançar um entendimento. Durante um intervalo do encontro, um ministro de Comércio, que pediu para não ser identificado, afirmou que, apesar de a proposta receber apoio, nenhuma decisão foi tomada ainda. Rodada As negociações da OMC foram iniciadas em 2001 em uma tentativa de impulsionar a economia global e diminuir a pobreza, logo após os ataques terroristas nos Estados Unidos chocarem o mundo. A rodada de Doha é amplamente reconhecida como o maior pacote de comércio global negociado na história. Elas foram suspensas em julho passado, em grande parte devido a uma disputa política na área da agricultura, e há risco de não haver tempo para as conversações avançarem neste ano. "Nós estamos em um ponto em que as negociações formais podem ser reiniciadas", disse o ministro do Comércio da Nova Zelândia, Phil Goff, antes do encontro. "Não podemos dizer que estamos prestes a avançar significativamente, mas acho que estamos na direção certa." Líderes políticos reunidos em Davos para o Fórum Econômico Mundial disseram, na sexta-feira, que havia chegado a hora para todos fazerem sacrifícios para um acordo. "Eu acho que todo mundo está preparado para fazer concessões agora, com o objetivo de ganhar algo muito maior", disse o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, à CNN. Ele afirmou esperar que as negociações sejam retomadas após ter conversado com o presidente norte-americano, George W. Bush, e com a chanceler alemã Angela Merkel. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que um acordo mostraria que os países ricos querem ajudar as nações em desenvolvimento, o que poderá trazer estabilidade a algumas regiões.Notícia ampliada às 12h57 para acréscimo de informações