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Ministros discutem impasse comercial entre Brasil e Argentina

Reunião prepara encontro entre Lula e Cristina Kirchner no dia 18; País pressiona vizinho para reduzir barreiras

Por Marina Guimarães e da Agência Estado
Atualização:

Os conflitos comerciais entre os dois principais sócios do Mercosul começam a ser discutidos nesta segunda-feira, 9, no Rio de Janeiro, pelos chanceleres do Brasil, Celso Amorim, e da Argentina, Jorge Taiana. Segundo a chancelaria argentina, a reunião deve definir a agenda do encontro que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner terão no próximo dia 18, em Brasília. Mas para encaminhar os tópicos da discussão presidencial, os chanceleres terão uma prévia conversa sobre as barreiras comerciais bilaterais. A agenda de Cristina e Lula será ampla, como parte do compromisso assumido pelos dois presidentes de se reunir a cada seis meses para discutir todos os assuntos que envolvam a relação bilateral. Porém, no governo argentino fontes reconhecem que as discussões centrais do próximo encontro vão girar em torno das barreiras comerciais. O governo argentino travou, há mais de um ano, 14% da pauta exportadora do Brasil para o mercado vizinho. O argumento da Casa Rosada é de preservação da indústria nacional e dos empregos para enfrentar a crise internacional. Superado o pior momento da crise, o Brasil considera que chegou o momento de abandonar as proteções comerciais. Para forçar uma decisão argentina de desarmar os mecanismos protecionistas, no mês passado, o governo brasileiro passou a exigir licenças de importação para vários produtos argentinos. Entre alguns negociadores argentinos também existe o sentimento de que é preciso desarmar as barreiras de ambos os lados. Mas a ministra de Indústria da Argentina, Débora Giorgi, não pensa o mesmo. Por isso, o assunto será discutido entre os presidentes. "Vamos ter uma reunião com Lula e vamos chegar a uma conclusão de acordo com os interesses do Mercosul. Vamos conversar com Lula sobre mecanismos não contemplados no Mercosul", disse Cristina na semana passada à imprensa argentina durante sua viagem ao Chile. O governo argentino qualificou a retaliação brasileira de "inaceitável" porque o Brasil não avisou previamente sobre sua decisão contra a farinha de trigo, verduras, frutas, aerossóis, ração para animais e outros produtos. A Argentina argumenta que avisou previamente todas as vezes que adotou barreiras contra um produto. E acusa o Brasil de adotar restrições ao comércio de maneira unilateral, sem aviso, "ferindo o espírito do Mercosul", como definiu um diplomata argentino.

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