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Ministros do G-8 buscam saídas para a crise global

Nos bastidores do encontro, a escalada de juros nos EUA e as incertezas da economia mundial serão focos de preocupação

Por Agencia Estado
Atualização:

A agenda oficial da reunião dos ministros das Finanças do G-8, que será realizada nesta sexta-feira e no sábado, é ambiciosa, incluindo temas como o combate a pobreza, a busca do equilíbrio entre energia e desenvolvimento e a necessidade de uma melhor governança financeira mundial, que abrange o debate sobre um novo papel para o Fundo Monetário Internacional. O objetivo é preparar o terreno para um saldo positivo no encontro de cúpula do G-8, que será também sediado em São Petersburgo no próximo mês, e que contará com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, embora relevantes, essas discussões serão ofuscadas por um assunto considerado ainda mais urgente: as crescentes incertezas em torno das perspectivas da economia global que vêm causando nas últimas semanas uma forte volatilidade nos mercados, sejam eles ricos ou emergentes. Nos bastidores do encontro, os ministros do G-8, juntamente com os colegas do Brasil, China, Índia, Coréia do Sul e China - convidados para o evento - vão avaliar uma série de focos de preocupação para a estabilidade financeira mundial. O principal deles, e que vem causando a atual turbulência, é a escalada dos juros nos Estados Unidos, que segundo os mais pessimistas pode vir acompanhada de uma desaceleração econômica, reforçando o fantasma de uma estagflação. Essa tendência de aperto monetário, que se estende também à União Européia, Japão e outros países industrializados, vem causando problemas também nos emergentes, como se constatou nesta semana na Turquia, obrigada a elevar fortemente seus juros para conter a volatilidade em seus mercados. Ainda nos Estados Unidos, o gigantesco déficit em conta corrente e as dúvidas de como se dará o inevitável desaquecimento no mercado imobiliário também são fatores preocupantes. Além disso, há o permanente temor de uma alta ainda maior dos preços do petróleo, que colocaria ainda mais pressão sobre a inflação global. Como alertou ontem o ex-presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, a demanda e oferta da commodity está tão equilibrada que qualquer fator geopolítico - como um acirramento da tensão em torno do programa nuclear do Irã - que ameace queda na produção petrolífera tem o potencial de arremessar os preços para novos recordes altistas. Como observou um assessor econômico de um ministro europeu, "a lista de problemas potenciais para a economia mundial é cada vez maior". Ele lembrou que a manutenção de um forte ritmo de crescimento da economia chinesa é considerado um elemento fundamental neste momento de incertezas nos Estados Unidos e Europa. "Um China mais fraca teria um impacto sério sobre os preços das commodities, afetando diretamente o balanço de pagamentos de muitos emergentes", disse. "A agenda original do G-8 não foi alterada, mas esses riscos para a economia mundial serão discutidos intensamente nos bastidores." Brasil Durante o encontro, ministro da Fazenda, Guido Mantega vai enfatizar a necessidade da comunidade internacional adotar mais mecanismos de financiamento alternativos para combater a miséria, que é uma das principais bandeiras externas do governo brasileiro. Em seus contatos com os demais ministros, o impasse nas negociações da rodada multilateral da Organização Mundial do Comércio também será discutido. A expectativa de Brasília é que um impulso político decisivo à rodada de Doha resulte da cúpula do G-8 em julho. Mantega se reunirá sábado com o ministro das Finanças da Rússia. À tarde, terá outro encontro bilateral com o secretário de Tesouro dos Estados Unidos, John Snow. O ministro brasileiro também se reunirá com colegas da Índia e China.

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