Publicidade

Ministros enviarão sugestões à OMC para nova proposta agrícola

Por Agencia Estado
Atualização:

Os ministros de 25 países decidiram hoje em Tóquio que irão enviar sugestões para a Organização Mundial do Comércio (OMC) para que seja feita uma nova proposta de acordo agrícola. A idéia é aperfeiçoar a versão apresentada há poucos dias pelo embaixador Stuart Harbinson, presidente das negociações agrícolas, e que gerou muita polêmica entre os diplomatas. Às vesperas da reunião de Tóquio, que termina hoje e que teve como objetivo encontrar soluções para os impasses nas negociações da OMC, a entidade apresentou uma proposta de liberalização agrícola que prevê, entre outras coisas, o fim dos subsídios em dez anos. Na capital japonesa, as delegações que chegaram anunciando que a proposta era inaceitável, acabaram mudando o tom de suas declarações durante os dias. O texto de Harbinson, apesar das críticas, acabou sendo considerado um documento de "referência" para as futuras conversas. "A reunião de Tóquio teve pelo menos o mérito de ter conseguido que os países se comprometessem a formular suas visões sobre a agricultura e os força a apresentar suas propostas concretas", afirma um diplomata europeu. Com as novas sugestões em mãos, a OMC produzirá um segundo rascunho do acordo que voltará a ser debatido pelos países em poucas semanas. "Acredito que essa foi a maneira para não se perder o esforço que foi feito para produzir o texto. A iniciativa (de enviar sugestões para a OMC) contribui para que a negociação não fique parada" , afirma o chanceler Celso Amorim, que hoje parte para Moscou. O Itamaraty, Ministério da Agricultura e o setor privado brasileiro se reunirão em Brasília, na quarta, para debater a nova proposta brasileira que sera enviada à OMC. O ministro da Agricultura, porém, já adiantou que pelo menos dois pontos não foram bem recebidos pelo Brasil e devem ser alvo de uma proposta nacional. Um deles se refere ao corte de tarifas proposto pela OMC. Segundo ele, se os países seguirem o texto de Harbinson, as barreiras continuarão a ser altas. A carne bovina brasileira, por exemplo, é taxada em 125% para entrar no mercado europeu. Com a proposta, seria taxada em "apenas" 69%. Outro ponto que deverá ser criticado pelo Brasil é o fato de que os subsídios poderiam ser eliminados a partir do décimo ano. O País deverá pedir que o prazo seja reduzido para cinco anos. A União Européia, Japão e Coréia foram alguns dos países que, ao contrário do Brasil e dos Estados Unidos, acreditam que a proposta foi longe demais e deverão apresentar restrições ao texto. Protestos Enquanto os ministros tentavam estabelecer os próximos passos das negociações agrícolas, dez mil fazendeiros japoneses pediam nas ruas de Tóquio que a OMC não promovesse a liberalização agrícola sem que ouvisse os pequenos agricultures. "Não queremos o fim da OMC e nem somos contra o comércio. O que queremos e que nossas preocupações sejam ouvidas", afirmou o agricultor Kishi Nobotoshi, que veio de Iwate, norte do Japão, especialmente para o protesto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.