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Ministros do TCU questionam se pressa para julgamento da Eletrobras é razão para baratear ação

Suspeita pode fazer com que o tribunal leve mais tempo para concluir o julgamento

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Marlla Sabino
Por Adriana Fernandes , Guilherme Pimenta e Marlla Sabino
Atualização:

BRASÍLIA-Na véspera do julgamento do Tribunal de Contas da União (TCU) do processo de privatização da Eletrobras, um grupo de ministros da corte recebeu informações de que por trás da pressão para acelerar a análise da operação há um movimento para baratear o preço da ação.

Essa suspeita pode fazer com que o tribunal leve mais tempo para concluir o julgamento, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Já é esperado um pedido de vista do ministro Vital do Rêgo no julgamento desta quarta-feira. 

Prédio da Eletrobras; TCU julga processo de privatização da estatal. Foto: Pilar Olivares/Reuters

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A expectativa é o prazo do pedido de vista que terá que ser votado pelo plenário do TCU. O governo alega que para aproveitar a janela do mercado e realizar a operação no dia 13 de maio será preciso que o sinal verde do TCU ocorra no máximo até o dia 27 de abril. Nesse caso, o pedido de vista não poderia passar de sete dias.

Acontece que alguns ministros do TCU receberam informações que, mesmo cumprido o prazo de sete dias, a preparação do leilão e o road show da operação da oferta de ações da empresa (que faz parte do modelo de desestatização) levariam um prazo superior a um mês. Nesse cenário, a data limite de 13 de maio para venda não seria alcançada de qualquer jeito, ficando a oferta de ações ficaria para junho.

A desconfiança que marcou nos últimos dias nas discussões de bastidores no TCU gira em torno do balanço da empresa a ser usado como base para fixação do preço da ação. Se o prospecto da oferta for lançado até o dia 30 de abril, os responsáveis pela operação poderão usar o balanço da operação do resultado do banco em 2021.

Depois da operação, o governo teria que usar os dados do primeiro trimestre de 2022, que seriam fechados em 31 de março de 2022. Um cenário em que o preço da ação poderia ficar maior, segundo informações que circulam no TCU. Um integrante do tribunal comentou que realizar a desestatização "em julho não seria muito diferente de junho".

Fontes do TCU ouvidas pela reportagem avaliam que o pedido pode ficar entre 28 e 15 dias, levando o leilão para o mês de julho. O problema é que nessa data o avanço da campanha eleitoral é um complicador para o sucesso da operação, o que poderia inviabilizar a privatização da Eletrobras no governo Bolsonaro, na avaliação de investidores do mercado e do próprio governo. Mas há dúvidas sobre esse ponto dentro do próprio TCU. "Por que alguém que se dispõe a comprar uma estatal no Brasil a 5 meses da eleição desistiria a 4 meses da eleição? Ou a três meses?", questionou uma fonte do TCU.

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, e equipe já manifestaram preocupação de ingerência política no julgamento, principalmente depois que o PT acenou que poderia desfazer a operação caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saia vitorioso nas eleições

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