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Minoritários da Sadia terão direito a oferta

Eles podem receber 80% do valor oferecido a controladores

Por Leandro Mode
Atualização:

Os acionistas minoritários da Sadia receberão 80% do valor oferecido aos controladores da companhia, o que, na prática, configura o chamado tag along (mecanismo pelo qual os pequenos acionistas são remunerados como os grandes, no caso de venda do controle de uma empresa). Como Perdigão e Sadia oficialmente fizeram uma fusão, em tese, não seria necessário o tag along. "Não temos obrigação de fazer isso, mas faremos", disse o presidente do Conselho de Administração da Perdigão, Nildemar Secches. Os controladores da Sadia vão receber 0,166247 (R$ 5,59) ação da BRF, avaliada em R$ 33,65. Os acionistas preferenciais terão 0,132998 (R$ 4,48), ou seja, exatos 80%. "O negócio foi bom para os acionistas das duas empresas", comentou o analista do Banco Fator Renato Prado. O economista-chefe da Corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, lembra que os papéis da Sadia se valorizaram quase 80% entre o nível mais baixo dos últimos meses e a segunda-feira, dia em que o acordo foi assinado. Para se ter uma ideia do impacto da crise dos derivativos tóxicos na Sadia, há exatamente um ano, a ação PN da empresa valia R$ 12,70 na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ontem, fechou a R$ 4,32. É uma queda de quase 66%. No pregão de ontem, aliás, o papel preferencial da Sadia caiu mais de 5%. A ação ordinária (ON) da Perdigão recuou 6,36%. Segundo analistas, as perdas dos papéis foram explicadas por um jargão tradicional do mercado, segundo o qual os investidores compram no boato e realizam no fato. Ou seja, aproveitam o anúncio oficial da operação em torno da qual há grande expectativa para embolsar os ganhos acumulados durante o período em que fizeram suas apostas. Os analistas tentam, daqui para a frente, estimar os ganhos advindos da fusão. Um dos primeiros desafios será estimar o chamado "ganho de sinergia". Um relatório elaborado pela Austin Asis afirma que o montante ficará na casa de R$ 2,2 bilhões. "(Os ganhos) estão associados especialmente às operações de transporte e logística, que trarão eficiência na distribuição", diz o texto. Prado, do Fator, ainda não elaborou a sua estimativa, mas considera os R$ 2,2 bilhões factíveis. "Há uma sobreposição total em várias áreas, como tesouraria e relações com investidores", observou. "No entanto, é mais complicado estimar em quanto conseguirão reduzir as despesas com vendas." Outro ponto importante diz respeito à aprovação da fusão pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). "Alguma restrição haverá", disse Prado. Levantamento elaborado pelos analistas do Fator com base nos dados do Instituto de Pesquisa Nielsen revela que a Brasil Foods terá 70% do mercado de carne congelada, mais de 80% do segmento de massas, 65% no de pizzas e quase 60% no de carne industrializada. COLABOROU MARILI RIBEIRO

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