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Missão do FMI abrirá agenda com visita a Malan

O grupo de representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) que chegou hoje ao País terá no final da tarde de amanhã seu primeiro contato com integrantes da equipe econômica.

Por Agencia Estado
Atualização:

O grupo de representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) que chegou hoje ao País terá no final da tarde de amanhã seu primeiro contato com integrantes da equipe econômica. A missão, chefiada pelo economista argentino Jorge Marquez-Ruarte, deverá fazer uma visita inicial de cortesia ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, e começar os trabalhos com a área técnica. Os emissários do FMI deverão permanecer no País até o próximo dia 20 e, nesse período, coletarão dados sobre o andamento da economia brasileira e discutirão projeções para 2003. Hoje, a agenda da missão incluía contatos com o setor privado, principalmente analistas econômicos, que se dedicaram a fazer uma análise independente sobre o Brasil. A partir de amanhã, o grupo percorrerá órgãos dos Ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Previdência Social, além do Banco Central. O encontro com a equipe do novo governo será "provavelmente" na semana que vem, segundo informou o coordenador da transição, Antônio Palocci. Ele, que tem centralizado os contatos com a área econômica, será o interlocutor do novo governo para o FMI e hoje reuniu-se com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e com o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, para tratar desse e de outros temas relacionados à transição. Palocci disse que não há previsão de reuniões conjuntas da missão do FMI com as duas equipes de governo, a atual e a de transição. "Não é o previsto, mas não tem nenhum inconveniente", disse. "Se for necessário, faremos isso, mas o mais adequado é que tenhamos um contato com eles." Na sua avaliação, "tudo indica que a visita dessa missão seja regular, de trabalho, de rotina." Coro afinado Na última sexta-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso encontrou-se com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e eles afinaram o discurso com relação a essa rodada de entendimentos com o FMI. Ambos concordaram que o trabalho é de responsabilidade da atual equipe de governo e, neste momento, não se negocia a elevação da meta de superávit primário do setor público consolidado de 2003, fixado em 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB). A hipótese de negociar uma eventual elevação da meta fiscal para o ano que vem também foi afastada por Palocci e por Malan. O governo defende a tese de que um superávit primário de 3,75% ao longo dos próximos anos é suficiente para manter sob controle o estoque da dívida pública, objetivo central do programa com o Fundo. "Se o FMI quiser uma meta mais alta, terá de demonstrar porque a elevação é necessária", disse um dos negociadores brasileiros. "No nosso entender, o atual nível de superávit é suficiente." Haveria, além disso, um problema formal em negociar uma nova meta - ainda não se sabe quem serão os responsáveis pela política econômica a partir de janeiro próximo. Portanto a atual revisão do programa não deverá envolver nenhuma mudança de maior profundidade no acordo em vigor. Qualquer discussão desse tipo ficará adiada para a próxima revisão, marcada para fevereiro. Desta vez, haverá apenas uma checagem quanto ao cumprimento das metas fixadas para o terceiro trimestre de 2002 e uma discussão quanto ao cenário econômico para 2003. Missão cumprida As metas para setembro foram cumpridas, por isso o Brasil terá direito a sacar US$ 3 bilhões após 18 de dezembro, quando a diretoria do FMI analisará o trabalho de revisão ora em curso. A tensão que dominou o mercado de câmbio antes das eleições e a "virada" da balança comercial são dois fatores que alterarão as projeções constantes da atual versão do acordo para 2002 e 2003. A alta do dólar pressionou a inflação e inibiu o nível de atividade econômica. Por outro lado, contribuiu para melhorar o desempenho das contas externas brasileiras. No acordo, os economistas do governo brasileiro e do FMI haviam projetado um crescimento do PIB de 1,5%, mas o número deverá sofrer um ligeiro corte, para algo entre 1% e 1,3%. Por outro lado, o saldo da balança comercial estava previsto em US$ 6 bilhões e irá para pelo menos US$ 11 bilhões. Para 2003, a nova projeção de crescimento da economia será algo entre 2% e 2,5%, contra uma projeção inicial de 2,5% a 3,5%.

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