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MMX, de Eike Batista, terá quase R$ 1 bi do BNDES

Crédito à mineradora usado no Porto Sudeste que, assim como outros projetos do empresário, tem obras em atraso

Por Monica Ciarelli (Broadcast) e do O Estado de S.Paulo
Atualização:

RIO - Mergulhado em uma grave crise de credibilidade, o Grupo X contabiliza atrasos no cronograma de vários projetos, como os portos do Sudeste e do Açu, ambos no Rio de Janeiro. A constante revisão de prazos é mais uma reclamação de investidores preocupados com os atuais rumos das empresas.A MMX anunciou nesta quinta-feira, 18, pela segunda vez no mês, a aprovação de empréstimo ao porto do Sudeste pelo BNDES.

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O grupo espera sacar ainda neste trimestre a primeira parcela do empréstimo de R$ 935 milhões. As ações da companhia subiram depois do anúncio. "Este desembolso permitirá à MMX o alongamento de parcela significativa de seu endividamento de curto prazo", informou. Em nota, a companhia ressaltou que a contratação do empréstimo representa uma etapa importante no desenvolvimento do Porto Sudeste. O anúncio beneficiou as ações da mineradora de Eike Batista, que terminaram o dia em alta de 1,7% na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa).A meta inicial era que o porto começasse a operar no final de 2012. Agora, o novo cronograma prevê a entrada em operação em dezembro deste ano. Questionada pelo Broadcast, a MMX informou que precisou revisar o início das operações do porto Sudeste "em função de atrasos no fornecimento de alguns equipamentos importados do projeto".Um problema semelhante vive o Porto do Açu, chamado de "Roterdã dos trópicos" pelo empresário Eike Batista. A obra foi postergada em um ano e também está prevista para o final deste ano. Responsável pelo Açu, a LLX, empresa de logística do empresário, credita o atraso a uma mudança no escopo do projeto, que foi ampliado para aumentar a quantidade de movimentação de carga."Quem frustra as expectativas consistentemente não está azarado. O problema está na gestão", afirma Ricardo Correa, analista-chefe da Ativa Corretora.

O executivo lembra que, no comando das empresas X, o empresário Eike Batista, criou uma "inflação de expectativas". Uma estratégia perigosa a ser desenvolvida por um grupo com tantos projetos a serem tirados do papel ao mesmo tempo.Outro que culpa o modelo de gestão pelos atrasos acumulados em projetos do grupo é o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Segundo ele, os problemas de gestão se concentram na petroleira OGX, criada para ser a principal estrela das empresas X.A entrada da companhia na fase comercial, com a entrega da primeira carga de óleo produzido em Waimea, na Bacia de Campos, foi adiada diversas vezes. A previsão inicial era final de 2010, mudou para setembro e outubro de 2011, depois dezembro, mas, só aconteceu mesmo em janeiro de 2012. Na Colômbia, o cronograma também está atrasado. A estimativa inicial era perfurar o primeiro poço em 2013. Agora, a companhia trabalha com uma nova previsão: primeiro semestre de 2014. Segundo Pires, os atrasos são preocupantes, mas ficam em segundo plano quando se analisa a frustração dos investidores com os rumos do grupo X. "A OGX informou números muito abaixo do esperado. A companhia se endividou demais para produzir pouco petróleo", analisou.Apesar dos percalços das empresas da holding EBX, o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) se mostrou otimista em relação ao futuro do Porto do Açu. Segundo ele, o projeto é importante para o País, por isso, aposta em uma ajuda do governo para viabilizar o empreendimento."Tem investimentos que a Petrobrás pode fazer por lá que não são ruins. O pior seria deixar quebrar o projeto", avaliou.

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