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Moeda virtual vira opção para fundos no exterior, diz estudo

Gestores apontam que criptomoedas são alternativa para driblar baixo retorno no segmento de renda fixa

Por Renato Jakitas
Atualização:

Um estudo realizado no ano passado pela revista britânica Global Custodian, especializada em tecnologia para o mercado financeiro, mostrou que 94% dos principais fundos patrimoniais dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra – conhecidos como “endowment funds”, criados para captar e gerir doações – possuem hoje algum tipo de exposição em ativos no mercado de moedas virtuais. A pesquisa ouviu administradores de 150 fundos, sendo 89% deles dos Estados Unidos.

Esses gestores afirmaram que, apesar das preocupações em torno da regulamentação do mercado e de dificuldades com a liquidez dos ativos, os fundos vão continuar a investir em moedas virtuais como forma de diversificação. A opção vem sendo adotada para ampliar a exposição em risco em um mercado, hoje, dominado por rentabilidade praticamente nula ou até negativa na renda fixa.

Fundos aumentam exposição ao risco com criptomoedas Foto: Dado Ruvic/Reuters

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O levantamento mostrou ainda que 54% dos fundos investem diretamente em moedas, enquanto 46% optaram por aportes por meio de fundos de investimento. Atualmente, existem cerca 40 fundos de investimento em criptomoedas pelo mundo. 

No Brasil, seis fundos estão registrados na CVM – quatro deles da Hashdex e dois da BLP. A diferença entre eles é o perfil, mas ambos funcionam como os chamados fundos multimercados, que têm a maior parte do patrimônio na segurança de títulos de renda fixa e uma parcela minoritária flutuando no risco.

Os fundos mais acessíveis têm 20% do patrimônio em moedas virtuais e 80% em títulos públicos. A versão turbinada, para investidores que declaram ter mais de R$ 1 milhão em ativos no mercado financeiro, permite até 40% do portfólio em moedas virtuais. A taxa de administração vai de 1% a 1,5% ao ano. 

Para o especialista em moedas virtuais Safiri Feliz, presidente da associação que reúne as corretoras que atuam no segmento (ABCripto), o modelo de fundos de investimento deve ganhar espaço nos próximos anos, embora ainda não se definiu um regimento adequado para esses produtos. “Muitos fundos tentam diversificar com outras moedas, mas todas elas guardam ainda muita correlação com o bitcoin. Isso pode mudar no futuro, mas hoje não adianta muito diversificar: quando o bitcoin cai, caem todas da mesma forma”, diz. 

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