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Moedas emergentes têm a maior onda de vendas desde quebra do Lehman

O peso colombiano, por exemplo, registrou sua cotação mais baixa no ano em relação ao dólar 

Por Clarissa Mangueira e da Agência Estado
Atualização:

As moedas de mercados emergentes estão enfrentando sua maior onda de vendas desde a quebra do Lehman Brothers há três anos - com o peso colombiano registrando sua cotação mais baixa no ano em relação ao dólar -, elevando temores sobre a capacidade do sistema em lidar com os fluxos de negociação.

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As moedas da Ásia, América Latina, Leste Europeu e África tem estado sob pesada pressão de venda nesta semana, mas a tendência aumentou fortemente desde a noite de ontem, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) reduziu os vencimentos dos ativos que detêm em sua carteira ao invés de anunciar um novo programa de compra de bônus.

O dólar opera em alta, enquanto que os investidores desistem de apostas nos mercados ao redor do mundo e compram de volta a moeda americana que usaram para financiar suas operações.

O peso colombiano atingiu seu nível mais baixo neste ano ante a moeda norte-americana, de 1.923 pesos por dólar, mas se recuperou levemente e operava em 1.918 pesos por dólar por volta das 10h31 (de Brasília). Em 1º de março, o dólar foi cotado na máxima de 1,915,90 pesos.

As moedas dos mercados emergentes - que não são os ativos mais líquidos mesmo em momentos de calmaria - têm recuado com os movimentos bruscos.

"Muitos bancos cortaram custos e reduziram sua capacidade de risco, então o mercado não é capaz de absorver os fluxos", disse Salomon Sebbag, diretor de câmbio dos mercados emergentes da JPMorgan, em Londres, acrescentando que o resulta e queda de liquidez.

Um trader de outro banco de Londres, que não quis ser identificado, concordou, afirmando que os investidores estão tentando liquidar bônus e ações mais rápido do que o mercado de câmbio tem capacidade para suportar as transações.

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O rand sul-africano recuou mais de 10% em relação ao dólar nesta semana, enquanto a lira turca atingiu uma mínima recorde ante a moeda norte-americana. Até mesmo o Real acumula queda de 8% em relação ao dólar desde segunda-feira. E num movimento contrário ao observado no início deste ano, muitos bancos da Ásia central têm realizado intervenções nos mercados de câmbio para sustentar suas moedas nesta semana.

Tendo em vista que a desaceleração das economias avançadas e o declínio do apetite por risco graças à crise da dívida da zona do euro, o dólar é considerado uma aposta segura novamente, afirmou Julian Jessop, o economista-chefe global da Capital Economics, em Londres.

As taxas de juros baixas nas principais economias, como EUA, Reino Unido e zona do euro, impulsionaram os investidores a buscarem retornos mais altos nos mercados emergentes durante os últimos anos, elevando o valor dessas moedas menores. Mas, com os investidores buscando alternativas, que são poucas no caso de moedas sem liquidez, os efeitos são claros.

Há poucos sinais de estabilização e qualquer rali deverá ser curto, destacaram participantes do mercado. "Somente uma grande injeção de liquidez do G-20 e do Fundo Monetário Internacional (FMI) deverá reverter essa liquidação cambial nos mercados emergentes", Charles Roberston, uma analista da Renaissance Capital. "A história do mercado sugere que nós podemos estar no meio do caminho em direção aos pontos mais baixos para o rublo, won sul-coreano, rand sul-africano e sloty polonês. As informações são da Dow Jones. 

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