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Montadoras não vão demitir no curto prazo, diz Miguel Jorge

Redução da jornada, férias coletivas e corte do trabalho aos domingos são alternativas às demissões

Por Tatiana Freitas
Atualização:

Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge,  a indústria automobilística não vê necessidade de fazer demissões no curto prazo. Segundo ele, essa posição foi passada durante reunião com representantes do setor na semana passada. "Até agora não há necessidade de demissões. Até porque a indústria estava trabalhando sábado, domingo, feriados e com terceiro turno. Antes de demissões temos férias coletivas, redução da jornada de trabalho, corte do trabalho aos domingos. Há muitas medidas antes de chegar à demissão, que não interessa à própria empresa", disse Miguel Jorge. Veja também: Desemprego, a terceira fase da crise financeira global Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Desde o agravamento da crise financeira, algumas montadoras concederam férias coletivas. O ministro, que trabalhou durante 14 anos na Volkswagen, lembrou que as férias coletivas são uma maneira tradicional da indústria automobilística fazer ajustes de produção e manutenção, e que esse movimento, tradicionalmente, é realizado ao final de cada ano. Miguel Jorge também comentou o corte de 1,3 mil funcionários anunciado pela mineradora Vale esta semana. Ele ressaltou que essas demissões ocorrerão em todo o mundo, não somente no País. "No Brasil, onde a Vale tem aproximadamente 10 mil funcionários, devem ocorrer 260 demissões. Claro que 260 demissões são importantes, mas é preciso levar em conta o tamanho da empresa", disse. Segundo o ministro, o governo ainda não foi procurado por setores que estejam planejando demissões. "Temos visto casos específicos de demissões por empresas. Não há nenhum movimento generalizado por setor." Queda nas vendas O ministro afirmou que o principal problema da cadeia automotiva é a incapacidade de planejamento da produção para 2009. Ele citou os números apresentados pela associação das montadoras no País, a Anfavea, que mostraram uma queda de 25% nas vendas de veículos em novembro em comparação com o mesmo mês do ano passado, e comentou que há cerca de 300 mil veículos parados nos pátios das fabricantes de veículos. A queda no volume de concessão de empréstimos, segundo o ministro, tem afetado o desempenho da indústria de forma geral, mas ele considera que o principal entrave, neste momento, são as incertezas em relação ao desempenho futuro da economia. "O maior problema para a cadeia automobilística, desde a indústria do aço até as montadoras, é a absoluta incapacidade de prever o ritmo de produção no primeiro trimestre de 2009", afirmou. "A crise de confiança talvez seja o maior problema do País neste momento", acrescentou ele.   Previsão PIB O ministro afirmou ainda que a previsão de crescimento de 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2009, teto das projeções de economistas para o avanço da economia brasileira, é "otimista" e disse apostar em uma expansão de 3% aproximadamente. "Eu acho 4% otimista. Eu gostaria muito de apostar num número desses, mas eu apostaria em algo mais próximo de 3%", afirmou a jornalistas, após participar do Encontro Anual da Indústria Química, promovido pela Abiquim, em São Paulo. Miguel Jorge acrescentou que é preciso esperar um pouco mais antes de anunciar uma previsão para o desempenho da economia brasileira no próximo ano. "Neste final de ano, nós temos dois efeitos da crise", lembrou ele, referindo-se à redução da atividade econômica natural para os últimos meses do ano e o início do ano seguinte e a crise financeira. "Portanto, deveríamos esperar até o final do primeiro trimestre de 2009 para termos condições de anunciarmos uma previsão", disse. Crédito a exportações Miguel Jorge afirmou que o crédito à exportação, um dos maiores problemas ocasionados pela crise financeira no Brasil, está voltando ao normal. "As operações de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio) estão nos melhores volumes dos últimos meses. Esses dados deverão ser divulgados em breve pelo ministério", disse. Ele afirmou que o governo considera suficientes as medidas anunciadas até agora para combater os efeitos da crise internacional no Brasil. Do ponto de vista de financiamento a projetos de investimento, ele afirmou que o "BNDES vai suprir as necessidades". "Não há problemas de crédito para a indústria e toda vez que for necessário e se perceber que há um problema concentrado em algum setor nós tomaremos medidas", disse.

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