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Montadoras não vão pedir desonerações, diz Anfavea

O presidente da associação afirmou que as demissões no setor não serão usadas como instrumento de negociação com o governo

Foto do author André Borges
Por Lu Aiko Otta , Debora Bergamasco e André Borges
Atualização:
Segundo Moan, as montadoras sofreram uma redução de mais de 40% nas exportações e de 7% nas vendas internas Foto: Nilton Fukuda/Estadão

BRASÍLIA - As montadoras "não pediram, nem vão pedir" novas desonerações ao governo, afirmou ontem o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. Ele concordou quando uma pessoa comentou que, agora, os tempos são outros.

Assim, as 800 demissões na Volkswagen, que desataram uma greve no ABC paulista, não serão instrumento de pressão para medidas de socorro.

Pelo contrário, Moan procurou baixar a fervura em torno do assunto ao afirmar que as demissões ainda podem ser revertidas. As vagas na Volkswagen, explicou, serão fechadas em fevereiro.

"Há esse tempo de negociação possível", afirmou Moan. "Tenho convicção de que as partes chegarão a um novo acordo". Moan aproveitou a cerimônia de posse de Armando Monteiro Neto no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para conversar com o ministro do Trabalho, Manoel Dias. O caso da Volks vem sendo tratado como localizado.

"Não tenho informação de nenhuma outra associada nessa situação", disse. O que há, explicou, é "um processo natural de ajuste da crise cíclica pela qual o setor passa". A Mercedes-Benz também fechou 260 vagas no ABC nesta semana.

As montadoras, segundo ele, sofreram uma redução de mais de 40% nas exportações e de 7% nas vendas internas, o que gerou uma queda da produção em torno de 15%. O quadro não mudará tão rapidamente, segundo avaliação das próprias montadoras.

"Devemos enfrentar um primeiro semestre muito difícil em 2015, mas acredito que a situação vai melhorar um pouco no segundo semestre. Esperamos que, na média, terminemos este ano ao menos iguais a 2014."

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A Central Única dos Trabalhadores (CUT), movimento sindical alinhado ao PT, procurou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para oferecer "apoio irrestrito" à greve. Entretanto, a presidente Dilma Rousseff não deve receber pressão dos cutistas por socorro do governo ao setor. Ao contrário, todos os esforços serão concentrados para apertar as montadoras.

"Nenhum setor recebeu tantos incentivos do governo quanto o automotivo. Portanto, por enquanto, a discussão é apenas para que as empresas cumpram acordo de não demitir até 2016. Agora, estão dispensando os trabalhadores só porque as vendas caíram no começo do ano - o que é um fato que sempre acontece", disse a vice-presidente da CUT, Carmen Foro.

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