05 de janeiro de 2016 | 22h09
Após registrar queda de 26,6% nas vendas em 2015, a indústria automobilística brasileira inicia janeiro com novas medidas de corte de produção. Sem perspectiva de melhora no mercado, várias montadoras anunciam extensão de lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho), semana reduzida e programas de demissão voluntária (PDV).
Na maioria das empresas, os funcionários ainda estão em férias coletivas e a retomada da produção deve ocorrer a partir da próxima semana. Na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), o retorno ocorrerá na terça-feira, mas cerca de 1,7 mil trabalhadores entrarão em lay-off até maio.
Nissan investe R$ 750 mi em novo veículo
Na filial de Camaçari (BA), a Ford abriu na segunda-feira um PDV direcionado especialmente aos cerca de 2 mil trabalhadores do terceiro turno, que será suspenso a partir de março. Já os operários da Caoa/Hyundai em Anápolis (GO) retomaram atividades na segunda-feira, após um mês de férias coletivas, mas só vão trabalhar quatro dias por semana. Não haverá expediente às sextas-feiras durante todo o mês.
Em 2015, com exceção de Honda, Hyundai, Toyota e das recém-inauguradas BMW e Jeep, do grupo Fiat, as demais montadoras, principalmente as de maior porte, adotaram medidas de corte de produção durante o ano todo. O setor opera com metade de sua capacidade produtiva instalada, que beira os 5 milhões de veículos ao ano.
Até novembro, as montadoras demitiram 13,3 mil funcionários e novos cortes são esperados. Há exceções. A Jeep vai contratar neste mês 160 trabalhadores para a fábrica inaugurada no ano passado em Goiana (PE), que produz o utilitário esportivo Renegade. A Nissan também anunciou que abrirá ao longo do ano 600 postos na unidade de Resende (RJ) para iniciar a produção do utilitário Kicks.
Vendas. As montadoras venderam no ano passado 2,56 milhões de veículos, o mais baixo volume anual desde 2007, quando foram vendidas 2,46 milhões de unidades. O resultado é 26,6% inferior ao de 2014 – a maior queda porcentual em 28 anos – e marca o terceiro ano seguido de retração no setor, que até 2013 vinha de nove anos seguidos de crescimento.
Por segmento, as vendas de automóveis e comerciais leves em relação a 2014 caíram 25,6% (para 2,48 milhões de unidades), enquanto as de caminhões despencaram 47,4% (72 mil unidades) e as de ônibus, 38,3% (16,9 mil unidades).
Só em dezembro foram vendidos 227,8 mil veículos, 38,4% a menos que em igual mês de 2014, embora 16,7% melhor que novembro. Foi o pior resultado para meses de dezembro desde 2008. A alta verificada em relação ao mês anterior, na visão de Paulo Roberto Garbossa, da consultoria ADK, se deve a uma possível antecipação de compras para escapar dos reajustes de preços que devem ocorrer neste mês.
Na opinião de Garbossa, as vendas devem cair novamente entre 5% a 7% neste ano. “Enquanto não forem definidas medidas como o ajuste fiscal, o mercado continuará parado, pois ninguém sabe o que fazer.”
Ranking. A Fiat encerrou 2015 como líder de vendas no mercado brasileiro pelo 15.º ano, com 439,2 mil unidades. Contudo, o modelo de maior saída da marca, o Palio, caiu para o segundo lugar no ranking dos modelos mais vendidos, apenas um ano depois de ter desbancado o Volkswagen Gol, que ocupou o posto por 27 anos. No ano que terminou, o líder foi o Chevrolet Onix, com 125,9 mil unidades vendidas no País.
Entre as fabricantes, só a Honda registrou aumento de vendas em 2015, de 11,2% ante 2014. Volkswagen e Fiat caíram 37,6% e 37%, respectivamente, enquanto a GM caiu 32,9% e a Ford, 17,7%. A maior queda foi a da Citroën, de 41,4%.
Os dados são preliminares e devem ser confirmados hoje pela Fenabrave, entidade que representa as revendas de veículos. Na quinta-feira, a Anfavea, representante das montadoras, divulgará dados de produção, empregos, exportação e as previsões para 2016.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.