PUBLICIDADE

Montezano afirma que quer transformar BNDES em 'prestador de serviços' financeiros ao governo

Novo presidente do banco também afirmou que pretende 'abrir toda a informação, sem entrar no mérito se já foi exposta ou não'

Por Vinicius Neder
Atualização:

Em discurso de apresentação a funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o novo presidente da instituição de fomento, Gustavo Montezano, reafirmou na manhã desta sexta-feira, 19, que seu plano é transformar o banco num “prestador de serviços” financeiros ao Estado, em todas as esferas de governo. Ele também repetiu as cinco metas de sua gestão, já colocadas no discurso de posse, em Brasília, na última terça. “Explicar a caixa-preta” do BNDES será a “meta zero”, disse Montezano. 

PUBLICIDADE

A demora em revelar dados sobre operações de crédito tidas como controversas, especialmente sob o comando do PT, como empréstimos para obras no exterior, em países como Cuba e Venezuela, teria sido um dos motivos para o presidente Jair Bolsonaro declarar que estava “por aqui” com o ex-presidente do banco, Joaquim Levy, que pediu demissão após as declarações. 

A tarefa de Montezano não será fácil - seja porque, nos últimos anos, o BNDES já veio ampliando o conjunto de informações disponíveis, seja porque auditorias e operações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) ainda não comprovaram irregularidades envolvendo funcionários do banco. O tema foi motivo de atritos entre Levy e a burocracia do BNDES. Para os funcionários, não há "caixa preta", e Levy era pouco enfático na defesa pública do trabalho técnico do BNDES.

O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, em evento de posse no Planalto. Foto: Eraldo Peres/AP

Apesar das críticas de Bolsonaro, a divulgação de informações públicas sobre as operações do BNDES foi crescendo pouco a pouco, desde o fim da gestão de Luciano Coutinho, ainda nos governos do PT – o processo foi acelerado a partir de 2015. Grande parte dos avanços se deu na apresentação dos dados no site do banco. Fontes ouvidas pelo Estado, ainda no fim do governo Michel Temer sugeriam que, após a ampliação dos dados disponíveis entre 2015 e 2018, haveria pouco a avançar em termos de redução de sigilo.

Para abrir a “caixa-preta”, o novo presidente do BNDES disse no discurso desta sexta-feira apenas que a ideia é “abrir toda a informação, sem entrar no mérito se já foi exposta ou não”. “A gente precisa virar essa página”, afirmou Montezano, comparando as suspeitas sobre a “caixa-preta” a uma “nuvem cinza” que paira sobre a imagem do banco de fomento. 

Assim, Montezano pretende “mostrar ao povo brasileiro que somos, sim, patriotas e transparentes”. Como já dito a executivos do BNDES nas últimas semanas e no discurso de posse na terça-feira, Montezano reafirmou o compromisso de explicar a “caixa-preta” em dois meses. 

Os demais objetivos da gestão Montezano, citados pelo executivo no discurso desta sexta-feira, incluem ainda acelerar a venda das participações acionárias, devolver R$ 126 bilhões da dívida com o Tesouro Nacional até o fim do ano e apresentar um plano trianual. 

Publicidade

Montezano explicou que, com o BNDES como prestador de serviços, a ideia é assessorar governos a fazerem privatizações, concessões ao setor privado e reestruturações financeiras. Nessa função, o BNDES deixará de competir com o financiamento privado, disse Montezano.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.