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Moody''''s eleva os ratings do Brasil

Agência segue as concorrentes Standard & Poor''''s e Fitch e deixa o País a um passo do grau de investimento

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Por Adriana Fernandes e Regina Cardeal
Atualização:

A agência de classificação de risco Moody''''s melhorou ontem as notas do Brasil. Os ratings dos títulos emitidos pelo governo tanto em moeda estrangeira quanto em moeda local foram elevados de Ba2 para Ba1. Com a mudança, o País ficou a um degrau do chamado grau de investimento. Esse status significa que o emissor de um título (seja ele um governo ou uma empresa) tem baixíssima probabilidade de dar um calote. Na teoria, ao obter tal chancela, o País atrairá um grande volume de recursos, pois muitas instituições internacionais - como fundos de pensão - estão proibidas de investir em bônus cujos devedores não tenham essa nota. A Moody''''s estava atrasada em relação às duas outras grandes agências do mercado, a Standard & Poor''''s e a Fitch. ''''Os indicadores de vulnerabilidade externa do Brasil têm apresentado reduções contínuas'''', disse o analista sênior da Moody'''', Mauro Leos. ''''A contínua acumulação de reservas internacionais propicia um colchão financeiro e deve servir como defesa contra choques externos, que poderiam se materializar na eventualidade de um ciclo adverso de eventos atingir a economia brasileira.'''' De acordo com Leos, relativamente a outras economias de mercados emergentes, o Brasil aparenta estar mais bem preparado para enfrentar um arrefecimento das condições econômicas externas, por conta de sua sólida posição de reservas e da presença de uma estrutura de exportação diversificada que limita exposições a determinados produtos e regiões. Leos informou que a classificação de risco brasileira não terá nova elevação neste ano, o que significa que o País só poderá alcançar o grau de investimento a partir de 2008. Ele mencionou o aumento das incertezas nos mercados financeiros internacionais como um fator que limita uma visão mais otimista para o Brasil no curto prazo. ''''As condições hoje não são tão boas como foram há até bem pouco tempo. Será um período de prova para todos os emergentes, inclusive o Brasil.'''' Leos destacou a melhora no perfil e a redução da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). ''''Mas, em comparação com outros países que já são grau de investimento, é preciso fazer um pouco mais'''', ponderou. Ele defendeu um processo de redução dos gastos correntes, que vêm crescendo ano a ano e podem ser uma fonte de pressão para o governo no futuro, já que não há mais espaço para elevação da carga tributária. GOVERNO COMEMORA O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, avaliou que a melhora da nota pela Moody''''s é significativa para o País pelo momento em que foi anunciada. Segundo ele, a decisão em meio às turbulências internacionais mostra que a economia brasileira está sólida. ''''A segurança é muito grande'''', disse. Segundo Augustin, a elevação em si já é importante, mas, dado o momento, fica mais expressiva. O secretário do Tesouro destacou que a melhora na avaliação de risco do País se deve a um conjunto de fatores, entre eles a redução da vulnerabilidade externa. Augustin destacou que essa melhora no perfil da dívida foi expressa no comunicado que acompanhou o anúncio da decisão da agência. Ele ainda disse que, para o Brasil atingir o grau de investimento, o caminho é continuar na rota que está sendo adotada e ''''crescer, principalmente''''. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, comentou que é significativa a melhora do rating brasileiro concedida pela Moody''''s em meio à crise de crédito internacional. Segundo ele, é natural que, em momentos de crise, haja uma reavaliação pelas agências de rating. Rato destacou que o Brasil está próximo do grau de investimento e observou que a mudança na nota efetuada ontem evidencia que a situação do Brasil está muito sólida. COLABORARAM RENATA VERÍSSIMO E VINÍCIUS PINHEIRO

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