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Morgan Stanley prevê contração de 4,5% da economia brasileira

Para economistas, contração deve acontecer em meio à pior recessão desde 1983 na América Latina

Foto do author Cynthia Decloedt
Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

O banco norte-americano Morgan Stanley revisou sua projeção para o PIB brasileiro, prevendo contração de 4,5% da economia brasileira em 2009, de estimativa anterior de crescimento zero. A contração da economia brasileira deve acontecer em meio à pior recessão desde 1983 na América Latina, de acordo com as previsões da equipe de economistas para a região do banco. Lembrando as críticas que receberam após as projeções consideradas pessimistas feitas em dezembro, os economistas esperam que o PIB real da América Latina registre contração de 4,3% este ano, projeção também revisada para baixo, de contração de 0,5% estimada em dezembro.

 

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O banco atribuiu a revisão do PIB brasileiro ao fraco desempenho no último trimestre do ano passado da economia, aos sinais de desaceleração da atividade no primeiro trimestre e temores de que o cenário global possa se mostrar pior do que o antecipado. Os economistas para AL assumem que não haverá recuperação da economia global durante a maior parte de 2010, "embora nosso time global (de economistas) ainda espere ver uma recuperação modesta em 2009". Diante da dificuldade em estimar o que pode acontecer entre hoje e 2010 e, pelo fato de que temos de partir de uma base para as projeções, preferirmos assumir que não haverá recuperação global até o fim do ano que vem, dizem os economistas.

 

Os economistas acrescentam ainda haver uma questão tática na revisão, considerando melhor antecipar o mergulho das economias, especialmente no caso de países da América Latina, onde a queda de atividade é normalmente profunda, inexorável e rápida.

 

Os economistas do Morgan Stanley estimam que, como consequência da contração da economia brasileira, não deverá haver repasse cambial para a inflação. O economista para o Brasil, Marcelo Carvalho, estima que a taxa Selic irá cair para 8,25% em meados de 2009, após cortes de 150 pontos-base nas próximas reuniões de política monetária em abril e junho.

 

 

 

 

JP Morgan

 

O JP Morgan reviu também sua estimativa para o indicador. A força do recuo do nível de atividade no final do ano passado e a provável retração entre janeiro e março, na margem, levou o banco norte-americano a trocar a previsão de incremento para o primeiro trimestre, de uma alta de 0,8% para a queda de 1,4%, "Mesmo num cenário muito otimista, o Brasil deve crescer 0% neste ano", comentou o economista da instituição Júlio Callegari.

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Com as informações do PIB relativas a 2008 anunciadas pelo IBGE, o JP Morgan traçou uma trajetória de evolução do produto interno bruto neste ano. Segundo Callegari, como os primeiros três meses de 2009 devem apresentar resultados fracos, a estimativa do banco é de ocorrer uma retração de 1,2% ante os últimos três meses do ano passado. Para ele, a partir do segundo trimestre começa a ocorrer uma modesta recuperação do nível de atividade, que deve apontar uma expansão de 0,9%, na margem. De julho a setembro, o Brasil deve apurar um incremento de 0,6% do produto interno bruto. Uma melhora mais expressiva deve vir no último trimestre, que deve apontar um avanço de 1,2%.

 

De acordo com Callegari, a previsão de queda de 1,4% do PIB pode ser entendida pela seguinte explicação: a retração da economia no quarto trimestre e entre janeiro e março deste ano serão muito fortes. Se o prognóstico de queda do PIB no primeiro trimestre feito pelo JP Morgan for confirmado, o País deve registrar ao final de março uma retração de 4,8% ante o registrado pelo terceiro trimestre de 2008, que subiu 1,7% ante março e junho. Para o economista, a partir do segundo trimestre deste ano o Brasil deve voltar a crescer, mas deve somar até o final de dezembro uma alta de 3,4%, o que será insuficiente para evitar que o produto interno bruto caia neste ano. A queda de 3,6% da economia no quarto trimestre de 2008 deve provocar uma retração estatística de 1,5 ponto porcentual neste ano.

 

"Como a crise internacional é bastante grave, a concessão de crédito no mundo diminuiu de forma expressiva. No Brasil, o desemprego deve aumentar e atingir a marca de 10% até o fim deste semestre, o que vai elevar a inadimplência", comentou Callegari. Ele ressalta que os bancos públicos, especialmente Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES estão mais ativos para conceder financiamentos, em meio a tempos de intensa concentração de liquidez monetária. Contudo, tais instituições representam quase 40% da concessão de crédito do País e não têm condições de suprir toda a demanda por empréstimos das empresas e famílias.

 

Na avaliação do economista do JP Morgan, há a esperança de que alguns indicadores de nível de atividade comecem a apresentar melhores resultados no curto prazo. A produção industrial em fevereiro deve exibir um alta, na margem, próxima de 2%, pouco inferior ao incremento de 2,3% apurado em janeiro. As vendas do varejo subiram 1,4% em janeiro ante dezembro, um resultado que surpreendeu o mercado financeiro, dado que as estimativas apuradas pelo AE-Projeções indicavam um resultado entre uma elevação de 0,3% e queda de 1,6%, cuja mediana era - 0,11%.

 

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"A continuidade de um desempenho favorável do setor varejista nos próximos meses deve melhorar as perspectivas de aumento da produção industrial no curto prazo", ressaltou Callegari. Com o nível de atividade fraco, o economista pondera que o Banco Central continuará com o movimento de corte de juros até o fim de junho. Na reunião que será concluída no dia 29 de abril, ele acredita que o BC repetirá o corte de 1,5 ponto porcentual da Selic, a fim de aumentar a velocidade do estímulo monetário à economia. O ciclo será encerrado no término deste semestre, quando o Copom deverá cortar os juros em mais 0,50 ponto porcentual, o que levaria a taxa para 9,25%. O cenário de retração do PIB deve colaborar para que a inflação fique pouco abaixo da meta de 4,5% neste ano, pois Callegari avalia que o IPCA fechará 2009 em 4,3%.

 

Texto atualizado às 14h30

 

(Com Ricardo Leopoldo, de O Estado de S.Paulo)

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