Cerca de 400 entregadores de aplicativos se aglomeravam por volta das 14h30 desta terça-feira, 14, em frente ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, na Rua da Consolação, centro de São Paulo. Eles participam de uma mobilização convocada pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e pelo Sindicato dos Motoboys de São Paulo (Sindimoto), que tem como alvos as plataformas de entregas, como Uber Eats, iFood, Rappi e Loggi.
No TRT, acontece hoje uma primeira reunião de conciliação entre entregadores e empresas de aplicativos. Na segunda-feira, 13, o iFood pediu o adiamento do encontro, alegando falta de tempo de preparação da argumentação dos apps, mas a Justiça manteve a data e a hora da audiência.
Foram convocadas para o encontro, além do iFood, as empresas Rappi, Loggi, Uber Eats e Lalamove. Também participarão o presidente da UGT, Ricardo Patah, e o presidente em exercício do Sindimoto, Gerson Silva Cunha.
Um pouco mais cedo, os motoboys passaram em frente à Câmara dos Vereadores de São Paulo, onde entregaram uma lista de reivindicações da categoria ao vereador Adilson Amadeu (DEM). Eles pedem mudanças nas políticas de remuneração e, desta vez, também o reconhecimento de vínculo trabalhista com os aplicativos. “Essas empresas têm de entender que os senhores têm direitos”, afirmou o vereador.
Em nota, a Loggi disse que “está sempre aberta ao diálogo com entidades públicas e privadas que permeiam os setores de logística, tecnologia, entregas e afins.”
Sobre a reunião de conciliação, o iFood, também em nota, destacou que pediu o adiamento “a fim de viabilizar uma tentativa de diálogo prévio com as outras empresas envolvidas e eventualmente apresentar posicionamento conjunto do setor aos temas trazidos pelo Sindimoto-SP, em especial porque as empresas adotam práticas distintas umas das outras. O iFood, inclusive, já indicou os seus participantes para a reunião”.
A Rappi afirmou que não foi “oficialmente citada” na audiência no TRT. “Mas (a empresa) reitera que está à disposição das autoridades para participar das discussões legais sobre o setor de forma a aprimorá-lo ainda mais”, afirma a empresa, em nota.
Segunda paralisação
É a segunda paralisação do tipo em menos de 15 dias. Desta vez, o movimento não contará com as lideranças difusas do “Breque dos Apps” - paralisação que reuniu, em 1º de julho, milhares de trabalhadores de várias partes do País.
A pauta do protesto assemelha-se à do anterior. Entre as reivindicações está a definição de uma tabela mínima de cobrança pelo serviço e o aumento do porcentual repassado aos motoboys pelas entregas. A diferença é a inclusão por sindicalistas do tema reconhecimento de vínculo trabalhista, que já resultou em sentenças desfavoráveis em segunda instância aos entregadores paulistas.
A busca do vínculo CLT também não é consenso entre os motoboys e ajuda a explicar por que já há uma terceira paralisação agendada para o próximo dia 25, convocada por líderes como Paulo Lima, dos Entregadores Antifacistas, e Diógenes Souza, que lidera os grupos de WhatsApp em São Paulo.