22 de julho de 2020 | 22h53
BRASÍLIA - Depois de se reunir com representantes de três grandes bancos privados, em Brasília, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o governo está comprometido com a redução das ilegalidades e com o avanço da regularização fundiária na Amazônia. Estiveram presentes ao encontro, no Palácio do Planalto, executivos do Bradesco, Itaú e Santander.
“Fizemos ver a eles que seria importante pensarem em formas de financiamento para projetos em bioeconomia, com juros melhores”, disse o general ao Estadão. Nesta quinta-feira, 23, Mourão viajará para São Paulo, onde terá nova reunião, desta vez somente com executivos do Santander.
Segundo o vice-presidente, os empresários não apresentaram queixas sobre risco de perda de investimentos do exterior por causa de problemas com a preservação da Amazônia, o desmatamento e as queimadas.
“Eles não colocaram questão de perda de investimento. Agora, o que é claro hoje é que, com a agenda ambiental, todas as empresas têm uma preocupação sobre onde estão colocando seus recursos e onde estão investindo. E o que a gente vê é que a Amazônia pode ser uma solução em termos de empresas que têm atividades poluentes”, afirmou Mourão. O vice-presidente destacou que uma das questões é verificar onde as empresas podem investir para a preservação da floresta , com o objetivo de compensar a poluição que elas causam em outras áreas.
“Essa é a grande discussão que tem hoje em relação a crédito de carbono e pagamento de serviço ambiental e que a gente tem condições de avançar. Esse é um recurso muito bom para ir para a Amazônia”, argumentou.
Os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Agricultura, Tereza Cristina, estavam presentes ao encontro. Presidente do Conselho da Amazônia, Mourão observou que, por enquanto, o que está mais avançado nessas discussões é a possibilidade de financiamento para projetos sustentáveis. O general informou que, na reunião do dia anterior com governadores da Amazônia, pediu que eles deixassem prontos, o quanto antes, projetos de desenvolvimento sustentável na região. A ideia é que tudo seja executado assim que houver recursos.
“O importante é que, neste momento, os governadores tenham projetos e os Estados com mais dificuldades de fazê-los procurem o BNDES para ajudá-los, para que eles tenham propostas prontas”, disse Mourão, em referência ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. “Na hora em que surgirem os recursos, você vai na prateleira, pega o projeto e usa a verba disponível para executá-lo”.
Questionado se o Fundo da Amazônia será reformulado, o vice-presidente respondeu que não. “Reformulado, não. O que aconteceu é que o fundo parou por causa da auditoria que foi feita pelo Ministério do Meio Ambiente no ano passado”, disse ele. “Nós nos sentamos à mesa com os doadores, os doadores colocaram que querem resultados positivos em termos de combate às ilegalidades e nós temos certeza de que vamos apresentar esse resultado no segundo semestre”. Na avaliação de Mourão, a partir daí o comitê do fundo será colocado novamente em funcionamento e os recursos, destravados.
Sobre a possibilidade de assinatura de uma Medida Provisória relacionada com crédito de carbono, que o Ministério de Minas e Energia estaria preparando, o vice-presidente disse não conhecer o texto. “Não tenho detalhes”, afirmou ele, admitindo que a MP está sendo aperfeiçoada. Para Mourão, isso faz parte dos acordos estabelecidos.
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