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Mourão diz que Brasil foi 'jogado nas cordas' na questão ambiental

Vice-presidente disse que governo perdeu o controle da 'narrativa' e que desde então atua na 'defensiva', mas que desmatamento deve diminuir até o final de 2020

Foto do author Daniel  Weterman
Foto do author Marlla Sabino
Por Daniel Weterman e Marlla Sabino
Atualização:

BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, usou figuras de linguagem para demonstrar a pressão de outros países em relação à Amazônia. Em uma audiência no Senado, Mourão afirmou que o Brasil foi "jogado nas cordas" e só vai sair dessa condição - em alusão a um ringue de luta livre - se apresentar resultados.

"Perdemos o controle da narrativa e estamos desde então na defensiva", admitiu o vice-presidente aos senadores, assim como fez em ocasiões anteriores. Ele declarou que o Brasil tem os "melhores números" em termos de proteção ambiental e que precisa apresentar esses dados pelo mundo.

Mourão e Alcolumbre falaram sobre meio-ambiente durante sessão remota com senadores. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

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O quadro dos números, porém, é diferente. Alertas feitos pelo sistema Deter, do Inpe, indicam a perda de 1.034,4 km² no mês de junho, alta de 10,65% em relação a junho do ano passado e o maior desmatamento para o período em cinco anos. A situação elevou a pressão de investidores estrangeiros sobre o Brasil, levando o governo a prometer um programa de metas para a floresta.

Plano

O vice-presidente repetiu que o governo quer reduzir o desmatamento para o "mínimo aceitável" até o fim de 2020, mas não apontou que índice seria esse. Ele foi elogiado por senadores governistas e oposicionistas, mas foi cobrado a melhorar a comunicação e a imagem do Brasil lá fora.

Em uma apresentação de slides, o vice-presidente indicou aos senadores que a meta é reduzir o desmatamento para uma "curva azul", identificada no ano passado, saindo da "curva vermelha", verificada neste momento. Mourão não citou, porém, quais índices seriam esses.

Coordenador do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Mourão reforçou promessas do governo para destravar recursos no combate ao desmatamento da região. Por um lado, o Ministério da Economia vai pedir a abertura de um crédito extraordinário para a operação militar Verde Brasil 2 na região. Por outro, o governo tenta destravar os repasses do Fundo Amazônia, bloqueados por Alemanha e Noruega desde o ano passado.

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"Tenho que certeza que vamos conseguir voltar a operar com ele (Fundo Amazônia)", declarou Mourão. Além de buscar reativar os repasses com Alemanha e Noruega, o Brasil também busca doações de outros países. Uma mudança será feita nas regras do fundo, disse Mourão, para direcionar recursos para ações "estratégias e técnicas", e não meramente para pesquisas.

Mourão afirmou que o governo quer colocar mais agentes na fiscalização do desmatamento ilegal da flores. Para isso, porém, de acordo com o vice-presidente, será preciso aumentar o efetivo de órgãos do Ibama, inclusive com servidores aposentados. Pressionado, Mourão prometeu intensificar ações do governo até o fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro.

"Eu quero deixar claro às senhoras e aos senhores representantes da Federação que nós não vamos parar até o final de 2022, é moto-contínuo. Vamos nos lembrar da Física do segundo grau: moto-contínuo de primeira espécie, ouviu, Davi?", disse, dirigindo-se ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

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