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Movimentos sociais ameaçam protestos contra acordo na OMC

Representantes dizem que não vão aceitar nenhum acordo e vão a Genebra para atrapalhar negociação

Por Jamil Chade e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, a Contag e demais movimentos sociais alertam ao governo que vão "ocupar estradas, prédios públicos e fazendas" se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinar o acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Itamaraty garante que vai manter altas tarifas para nove produtos agrícolas como forma de acalmar os produtores familiares, entre eles trigo, milho, arroz e feijão. Mas os representantes dos movimentos sociais garantem que simplesmente não aceitam nenhum acordo.   Veja também: Corte de subsídios dos EUA é pouco ambicioso, diz Amorim Rodada Doha: entenda o que está em jogo em Genebra Proposta de corte dos EUA não surpreende, diz especialista EUA oferecem cortar subsídio agrícola para US$ 15 bilhões   "Por enquanto estamos dialogando. Mas vamos passar à briga se o governo insistir em assinar o acordo", afirmou o coordenador nacional de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Gilmar Pastorio.   O agricultor foi um dos seis representantes de entidades sociais do setor rural que foram até Genebra acompanhar as negociações da Rodada Doha. "Estamos aqui para atrapalhar e evitar a qualquer custo que haja um acordo", afirmou Pastorio.   Nesta semana, o representante viajará para Dourados (MS) para falar para 5 mil colonos sobre os impactos da Rodada Doha. "Se o governo não nos ouvir, vamos usar nossas táticas, que todos conhecem. Temos de ter o direito de nos proteger e garantir a segurança alimentar do Brasil", afirmou o representante do setor da agricultura familiar.   A Fetraf representa 4 milhões de pequenos produtores. "Mas o governo Lula prefere sair em defesa do agronegócio e de meia dúzia de milionários do setor da soja", atacou Pastorio.   Segundo ele, o Brasil destruiu sua produção de trigo e de outros produtos nos anos 90 com a criação do Mercosul. "Éramos auto-suficientes em trigo nos anos 80 e isso foi trocado por benefícios na indústria", afirmou Pastorio. "O resultado estamos vendo na inflação dos produtos e alimentos feitos a partir do trigo. A alta já foi de 300%", disse.   Para o representante, o governo agora precisa fazer manobras para conseguir pagar as dívidas dos pequenos agricultores. "O que o Brasil não entendeu é que o governo se transformou num dos principais apoiadores de um modelo que não funciona de agricultura.   Pastorio ainda alerta que 50% das exportações agrícolas brasileiras vem da produção familiar. "De onde Perdigão e Sadia compram seus produtos? Quem é que acorda às cinco da manhã para dar alimentos aos porcos?", ataca.   Trigo   O Brasil vai propor na OMC a manutenção de barreiras para a produção do trigo, milho e leite para tentar conter as importações nessa área e defender os interesses dos pequenos produtores. Hoje, o Brasil produz apenas 37% do trigo que consome. O restante hoje é todo importado, principalmente da Argentina. Cebola, tomate, mandioca, arroz e alho também serão mantidos com tarifas altas.

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