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MPF denunciou 17 participantes de esquema

Funcionários e ex-colaboradores do Credit Suisse foram identificados em investigação de 2006

Por Rodrigo Pereira
Atualização:

A Justiça Federal recebeu na sexta-feira passada denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra 17 funcionários e ex-colaboradores do banco Credit Suisse identificados na Operação Suíça, deflagrada em 2006. Essa foi a primeira operação realizada pela Polícia Federal e o MPF contra as atividades ilegais supostamente mantidas pelo banco no Brasil. A investigação foi o ponto de partida para três outras operações - Kaspar 1, 2 e 3 - montadas contra o esquema de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e funcionamento ilegal de instituição financeira mantido por doleiros e outros bancos suíços. A direção do Credit Suisse é acusada pela procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn de ser responsável por montar escritório de representação no País para promover eventos e captar clientes brasileiros para remeter dinheiro, via dólar cabo ou pagamentos forjados no exterior, em contas numeradas do banco na Suíça sem declarar ao Banco Central. "Verifica-se, portanto, que os denunciados, agindo em nítida comunhão de interesses e colaboração com o banco Credit Suisse, na Suíça, lograram obter, através do escritório Credit Suisse Representações Ltda e da atuação de doleiros como instituição financeira, a remessa ilegal e clandestina de recursos de origem desconhecida para diversas agências daquela instituição naquele país (...) cuja matriz foi uma das grandes responsáveis pela manutenção e pela nutrição do referido esquema criminoso ", registra a procuradora na denúncia. O ex-chefe da representação do Credit Suisse no Brasil, o português Carlos Miguel de Souza Martins, é apontado como o responsável por orientar seus subordinados a destruir diariamente documentos que indicassem a abertura de contas na Suíça. No Brasil ele respondia apenas ao suíço Reto Carlos Hunziker, então chefe regional do Credit. As transferências dos valores eram sempre realizadas por dólar-cabo. O economista suíço Peter Schaffner chefiaria de Zurique a equipe de gerentes de Genebra e Lugano dos correntistas brasileiros. O juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, aceitou a denúncia contra 16 dos 17 acusados - 13 executivos e funcionários do Credit no Brasil e no exterior, e três doleiros que serviam o banco. Martins, Hunziker e Schaffner foram acusados de evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, funcionamento de instituição financeira sem autorização do Banco Central e lavagem de dinheiro. Jens Spindler, Daniel Alain Lutz, Renato Brunner, Soraya de Lima Astrada, Myrna Costa de Azevedo Mello, Thomas Uhlmann, Stefan Sahli, Pietro Berlingieri, Manuel Corredor, Mario Ilario Fernando Sartori, Peter Lengsfeld, Moise Hhafif, Davy Levy e Claudine Spiero também foram denunciados por evasão, sonegação, funcionamento ilegal de instituição financeira e quadrilha. De Sanctis deixou para analisar posteriormente a participação da doleira Claudine no esquema - ela já é ré em outro processo, da Operação Kaspar 2, e será apurarada sua conexão nos dois esquemas. Para o juiz, a denúncia "expõe os fatos criminosos com todas as circunstâncias". O MPF pretende incluir no processo o suíço Christian Peter Weiss, preso ontem no Rio.

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