PUBLICIDADE

Publicidade

MPF diz que grupo de Dantas movimentou US$ 2 bilhões

Por Elizabeth Lopes
Atualização:

Os laudos periciais obtidos nas investigações que deflagraram a Operação Satiagraha da Polícia Federal indicam que o grupo do sócio-fundador do banco Opportunity, Daniel Dantas, teria cometido crime de evasão fiscal de divisas por meio do Opportunity Fund, um fundo no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, no Caribe. De acordo com informações divulgadas hoje pela Procuradoria da República no Estado de São Paulo, do Ministério Público Federal, este fundo movimentou quase US$ 2 bilhões entre 1992 e 2004. "Além de evasão (de divisas) e (formação de) quadrilha, as investigações já permitem dizer que o grupo de Dantas cometeu também gestão fraudulenta, concessão de empréstimos vedados (entre empresas do mesmo grupo) e corrupção ativa", diz o MPF-SP. Na avaliação do procurador da República Rodrigo de Grandis, do MPF-SP, responsável pelo caso e autor dos pedidos de prisão, "a investigação da PF já se deparou com indícios suficientes dos crimes financeiros de gestão fraudulenta, operação ilegal de instituição financeira, evasão de divisas e concessão de empréstimos vedados, além de uso indevido de informação privilegiada (insider information), lavagem de dinheiro, corrupção ativa e formação de quadrilha". Os laudos periciais obtidos nas investigações que deflagraram a Operação Satiagraha indicam também que o grupo do investidor Naji Nahas teria cometido os crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, o de operar instituição financeira sem autorização e o de usar indevidamente informação privilegiada (insider trading). Por causa dessa operação, o juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializado em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, decretou a prisão temporária de 24 pessoas, dentre elas Daniel Dantas, Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Foram também expedidos 56 mandados de busca. O MPF-SP informou que a Operação Satiagraha não tem relação com a Operação Chacal (caso Kroll), no qual o sócio-fundador do grupo Opportunity já responde por ação. As investigações que deflagraram esta nova operação da PF são decorrentes de informações enviadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para atender requerimento do Procurador Geral da República, Antonio Fernando Souza, no processo conhecido como mensalão. A partir daí, foram requeridas mais investigações em torno da informação obtida pela CPMI dos Correios de que as empresas Telemig e Amazônia Celular, nas quais o banco Opportunity tem participação, foram as principais depositantes nas contas de Marcos Valério, apontado como o responsável pelo esquema do mensalão. A partir dessas informações, a Polícia Federal empreendeu uma série de diligências com autorização judicial, como escutas telefônicas e interceptação de dados. Vazamento O MPF-SP informou ainda que duas pessoas que também tiveram a prisão preventiva decretada ofereceram, a mando de Dantas, cerca de US$ 1 milhão para um delegado federal que participava das investigações para que alguns nomes do inquérito policial fossem retirados. O fato foi revelado pelo delegado ao juiz, que autorizou uma ação controlada, ou seja, os contatos continuaram sem que fosse dado o flagrante de corrupção ativa contra os corruptores com o intuito de se obter mais informações e provas. "O grupo chegou a dar R$ 129 mil ao policial", informa o Ministério Público Federal de São Paulo. A Polícia Federal e o MPF informam que estão apurando o vazamento de informações sigilosas do inquérito e que isso será objeto de investigação própria.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.