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'Mudança comigo não é de bagrinho, é de tubarão', diz Bolsonaro sobre novas trocas

Presidente desconversou quando questionado se algum ministro sairia do governo

Por Emilly Behnke
Atualização:

BRASÍLIA - Depois de indicar um novo nome para o comando da Petrobrás e avisar que na próxima semana fará novas trocas no governo, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou na tarde deste sábado, 20, que a mudança a ser anunciada será de peso e envolverá o seu primeiro escalão. "A gente vai fazendo as coisas, vai mudando, vai melhorando. Eu não tenho medo de mudar, não. Semana que vem deve ter mais mudança aí para... E mudança comigo não é de bagrinho, não, é tubarão", disse a apoiadores após participar de evento militar em Campinas (SP). Bolsonaro não disse qual "peixe grande" do governo pode deixar o cargo. No vídeo com a fala do presidente, divulgado por um canal do Youtube, ele é questionado se algum ministro cairá. Ele desconversou e só disse que o questionamento "não foi inteligente".

Bolsonaro: 'Não tenho medo de mudar. Semana que vem, deve ter mais mudança' Foto: Gabriela Biló/Estadão

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Pela manhã, o presidente já havia prometido mudanças para a próxima semana, sem entrar em detalhes. "Se a imprensa está preocupada com a troca de ontem (na Petrobrás), semana que vem teremos mais", disse em sua fala durante uma cerimônia militar. Em outra parte do discurso, disse que não lhe falta "coragem para decidir" e que não deixará passar oportunidade. Como o Estadão/Broadcast mostrou, foi só o presidente falar em novas mudanças no governo que os celulares de Brasília começaram a apitar sem parar por causa de trocas de mensagens. Fontes contaram ao Estadão/Broadcast que foi a deixa para que as especulações começassem a surgir e que o foco mais forte recai agora sobre o Banco do Brasil. No início do ano, Bolsonaro se irritou com o presidente do banco, André Brandão, por medidas para reduzir agências e cortar funcionários por meio de um plano de incentivar demissões. O presidente chegou a pedir a demissão de Bandrão, o que teria sido revertido pela equipe econômica. A ameaça de trocas no governo ocorre após o chefe do Executivo indicar o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobrás, no lugar de Roberto Castello Branco, a quem tem criticado. Os reajustes no preço dos combustíveis anunciados pela estatal pesaram para a decisão do presidente. Bolsonaro, contudo, nega ter interferido na petrolífera, que teve ações afetadas na sexta-feira, 19, depois de declarações do presidente.

"A Petrobrás é uma empresa mista, se cair ou subir as ações, o mercado decide. Eu não interferi na Petrobrás", disse. Bolsonaro afirmou esperar mais transparência caso Silva e Luna seja confirmado como novo presidente da companhia. "Pode ter certeza, o general Silva e Luna que está indo agora para a Petrobrás, ele vai mostrar tudo isso para nós. Não tínhamos previsibilidade e é um corporativismo enorme que existe nas estatais", ressaltou.

O presidente reforçou ainda que é preciso uma atuação mais incisiva de órgãos do governo para fiscalização da qualidade e preço dos combustíveis. Para ele, os combustíveis poderiam ser 15% mais baratos no País. A fala também foi dita durante uma live hoje com o filho deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). "Há uma indústria bilionária, clandestina dos combustíveis no Brasil", opinou.

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