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Mudança estrutural ou jogada de marketing

Por Cenário: Raquel Landim
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O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, disse ontem que seu país registrou US$ 8 bilhões de déficit comercial no início de março. Se a tendência se mantiver no mês, será o primeiro resultado negativo desde abril de 2004. O desequilíbrio no comércio entre Estados Unidos e China foi um dos motivos da crise. À primeira vista, o dado seria o início de uma solução para o problema, com os chineses consumindo mais e exportando menos.Mas ainda há poucos motivos para acreditar nisso. Analistas avaliam que fatores conjunturais podem estar por trás do déficit, como a alta do preço das matérias-primas importadas pela China e o diferencial de crescimento do país asiático em relação ao mundo. Portanto, bastaria a economia global se recuperar para os superávits chineses voltarem."Não vejo evidências de que o modelo chinês de crescimento está mudando", disse o economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Maurício Moreira Mesquita. Ele ressalta que a China reforçou sua competitividade exportadora no pós-crise: voltou a atrelar o yuan ao dólar, concedeu incentivos fiscais para os exportadores e promoveu uma expansão brutal do crédito.A consultoria Dragonomics prevê um superávit chinês de US$ 193 bilhões este ano - quase igual aos US$ 196,1 bilhões de 2009. Ao divulgar o déficit mensal parcial, o premiê chinês disse que estava "muito feliz". A China está sob pressão dos EUA para desvalorizar a moeda. Ainda é cedo para saber se a economia chinesa iniciou uma mudança estrutural ou se fatores conjunturais estão sendo utilizados como jogada de marketing.

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