PUBLICIDADE

Mudança não evita que fundos populares percam da poupança

Mesmo com alterações de tributação na poupança, competitividade da caderneta permanecerá

Por Rita Tavares eYolanda Fordelone e da Agência Estado
Atualização:

Independente das alterações de tributação na poupança, a competitividade da caderneta em relação aos fundos conservadores (renda fixa, DI e curto prazo) permanecerá. Com isso, o movimento de saída de pequenos investidores de fundos, que vinha sendo observado no fluxo dos fundos populares poderá se intensificar. "Os pequenos poupadores devem ir para a poupança porque cada vez mais a diferença de remuneração se intensificará", avalia o economista e professor de matemática financeira José Dutra Vieira Sobrinho.

 

Veja também:

PUBLICIDADE

 

Segundo cálculos do professor, uma queda da Selic de 10,25% ao ano para 9% ao ano significaria uma redução mensal no rendimento da caderneta de 0,05 ponto porcentual, de 0,58% para 0,53%. "Nos fundos, a queda da Selic tem um impacto bem maior", calcula. No caso dos fundos com taxa de administração de 2% ao ano, por exemplo, essa queda da Selic faria com que a rentabilidade recuasse em 0,08 ponto porcentual, de 0,52% para 0,44% ao mês. Em fundos com administração de 1,5% ao mês, a queda de rentabilidade pode ser de 0,07%. Ou seja, o rendimento, atualmente em 0,55% poderá recuar até 0,48% ao mês.

 

O movimento de saída de pequenos investidores de fundos mais populares já pode ser verificado nos últimos meses. De acordo com o site especializado em fundos de investimento Fortuna (fortuna.com.br), fundos de curto prazo, DI e de renda fixa, com aplicação inicial de até R$ 5 mil, registraram saída de R$ 136 milhões na primeira semana de maio. Os fundos populares cobram, em média, taxas de administração de 3% ao ano, o que achata a rentabilidade dessas aplicações.

 

Na mesma primeira semana de maio, o rendimento desse grupo de fundos foi de 0,15% contra a alta de 0,21% dos fundos para investidores maiores, com mais de R$ 100 mil. Se para os pequenos, a poupança se torna cada vez mais interessante, as mudanças de tributação podem fazer com que grandes investidores saiam da poupança rumo aos fundos.

 

O economista Marcos Silvestre lembra que, nos fundos, os grandes clientes já conseguem pagar baixas taxas de administração. "Os CDBs também podem ser mais procurados a partir de agora", diz o economista. O risco da poupança e dos CDBs, segundo ele, é muito próximo, uma vez que ambas as aplicações são protegidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no valor de até R$ 60 mil por CPF.

 

"Os bancos podem aumentar um pouco o custo de captação de recursos, subindo as taxas de CDBs em 0,5 ou 1 ponto porcentual no ano", aponta José Dutra Vieira Sobrinho. "O que para os bancos será um aumento pequeno, mas para o investidor pode ser um fator que pese na hora de comparar os rendimentos entre poupança e CDBs", diz. A elevação não só tornaria o CDB mais competitivo frente à caderneta, como também aos títulos públicos.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.