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Mudanças climáticas entram no jogo

Susto de apagão pode acelerar tomadas de decisão

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Por Redação
Atualização:
2 min de leitura
Getty Images 

Diferentemente da crise energética de 2001, o Brasil apresenta atualmente maior diversidade de fontes de geração elétrica. O que não significa, muito pelo contrário, que o impacto da atual crise hídrica não será sentido. O aumento do preço da conta de luz já está sobre a mesa. Além disso, uma eventual melhora da economia até 2022 – caso as vacinas realmente cheguem aos braços das pessoas no Brasil – vai jogar ainda maior pressão sobre o sistema de distribuição.

O governo – e muitos especialistas do setor concordam – descarta o risco de apagões neste ano apesar de admitir que a situação não é totalmente tranquila. Mesmo o racionamento tradicional, como ocorreu no início do século, não está nos planos do Ministério de Minas e Energia. Esse cenário é factível, entre outras explicações, porque os parques eólico e solar do Brasil estão cada vez mais robustos e, além disso, as caras e poluentes térmicas também estão funcionando a todo vapor. Mas, com os reservatórios das Regiões Centro-Oeste e Sudeste vazios, saber administrar a falta de água vai ser decisivo.

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Em um cenário como esse, em que ocorre uma seca fora da curva em relação às registradas no histórico de 90 anos, é importante que lições sejam aprendidas, na visão do engenheiro eletricista Mario Veiga Pereira. “Mesmo que seja somente um susto, a principal lição para o planejamento é que a ocorrência de secas severas é mais provável do que no passado, devido às mudanças climáticas”, afirma o consultor, que inclusive assessorou o governo federal na crise de 2001.

Segundo Veiga Pereira, existem metodologias para representar nas estratégias do setor elétrico todas as consequências da nova realidade do clima da Terra. “O processo de decisão é lento. Mas acredito que a situação atual vai contribuir para acelerar a implantação dessas propostas de incluir o risco climático no planejamento”, afirma o consultor.

Um estudo recente sobre as perspectivas do setor apresentado pela consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) avaliou que os modelos computacionais usados na fase de planejamento e operação do sistema elétrico nacional não consideram o novo normal do clima. Dessa forma, eles mostram uma velocidade desacoplada da realidade de recuperação dos reservatórios e estimativas de preço da energia no curto e longo prazo.

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Como os desdobramentos da atual crise hídrica não fizeram parte dos planos, as soluções passam por estratégias já conhecidas. Todas com consequência para o bolso dos consumidores.

A intensificação do uso das térmicas ocorre desde maio, quando a vazão das usinas hidrelétricas do Sudeste sofreu uma redução. O período de estiagem normalmente vai até outubro, mas, mesmo assim, o uso das termelétricas deve ocorrer até 2022, pela previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

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