PUBLICIDADE

Publicidade

Mulher de Edemar também responderá processo

Ela é acusada de lavagem de dinheiro

Por Agencia Estado
Atualização:

A Justiça Federal acatou na semana passada denúncia do Ministério Público Federal que acusa Márcia Cid Ferreira, a mulher do banqueiro Edemar Cid Ferreira, ex-controlador do Banco Santos que está sob intervenção do Banco Central, de lavagem de dinheiro. Agora, ela responde a um processo à parte , o qual será encaminhado à 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo. O interrogatório de Márcia Cid Ferreira está marcado para terça-feira da próxima semana, dia 30 de maio. A mulher do banqueiro aparece como a principal executiva na maioria das empresas de Edemar, que foi preso na manhã de hoje por quatro agentes da Polícia Federal na sua mansão no Morumbi. A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Fausto De Sanctis, também da 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo, a pedido do Ministério Público Federal. O juiz alegou que Edemar tentou ocultar o patrimônio - obras de arte do acervo -, quando foi determinado o seqüestro de seus bens. De acordo com o juiz, o banqueiro representa risco iminente para a ordem pública. O superintendente regional da Polícia Federal de São Paulo, Geraldo José de Araújo, disse no início da tarde de hoje que pedirá na segunda-feira a transferência do banqueiro da carceragem da Polícia Federal em São Paulo para uma unidade prisional do Estado. O processo de Edemar Cid Ferreira corre em segredo de Justiça. O Ministério Público Federal (MPF) adiantou que o juiz pode ter se baseado em novas informações (ainda não divulgados) surgidas no processo que Edemar e mais 18 diretores do banco, inclusive o filho dele, respondem. Trata-se de um processo por crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro por organização criminosa e gestão fraudulenta de instituição financeira. Para decretar a prisão preventiva, de acordo com o MPF, o juiz utilizou os artigos 311 e 312 do Código de Processo Penal. O artigo 312 determina que "a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova do crime e indício suficiente de autoria". Edemar e o ex-superintendente do banco Mário Arcângelo Martinelli também estão sendo processados por manter contas ilegalmente no exterior. Início do caso Edemar Cid Ferreira é o dono do Banco Santos, que desde maio de 2004 está sob intervenção do Banco Central. A decisão foi tomada tendo em vista que os ativos da instituição não cobriam 50% das dívidas com os credores do banco. Pela Lei 6.024, o Banco Central, nesses casos, tem de fazer a liquidação da instituição. No início do processo de intervenção, o BC estimava que esse passivo a descoberto fosse de aproximadamente R$ 703 milhões. Outro motivo que levou à liquidação foi o insucesso das negociações entre os credores do banco para viabilizar uma solução que permitisse sua reabertura. Em setembro do ano passado, o Banco Santos teve a falência decretada pela Justiça paulista. Ao decretar a falência, o juiz Caio Marcelo Mendes de Oliveira, da 2ª Vara de Recuperações e Falências, entendeu que estavam presentes todos os requisitos necessários para a falência: autorização do Banco Central, existência de duas vezes mais passivos (dívidas) do que ativos (créditos) além da gravidade das irregularidades na administração do banco, encontradas durante a tramitação do inquérito instaurado pelo BC. Em parecer, o Ministério Público opinou pela falência. ?A gravidade das ocorrências constatadas no caso específico aconselham a decretação desde logo da falência, para permitir, o quanto antes, a apuração de delitos e a recuperação, ainda que pequena, dos direitos da imensa massa falida de credores prejudicados?, escreveu Oliveira. Os correntistas e investidores da instituição, entre eles várias prefeituras, fundos de pensão e empresas, têm poucas chances de reaver seus depósitos, já que o controlador do banco não tem ativos suficientes para cobrir o débito. Desde a intervenção, descobriu-se uma série de irregularidades. Várias operações obscuras de concessão de empréstimos a empresas em dificuldades financeiras no Brasil foram feitas em troca de compra de papéis e investimentos nas empresas sediadas em paraísos fiscais. Descobriu-se também que os bens mais valiosos do banqueiro, como sua mansão no bairro do Morumbi, avaliada em R$ 50 milhões, estavam em nome de empresas situadas em paraísos fiscais. Pouco antes de o BC intervir em seu banco, Ferreira iniciou uma ambiciosa operação para transformá-lo num banco de varejo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.