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Mulheres e pesquisas

Por Márcia Ito
Atualização:

Quando me propuseram escrever um artigo para o mês em que comemoramos o Dia das Mulheres, contando a minha trajetória, fiquei pensando o que poderia contar de relevante. Assim decidi contar um pouco de tudo e esperar que estas poucas palavras possam mostrar como ter um ideal é o mais importante para a sua realização pessoal. Começo com uma constatação que pode mudar a visão de muitos de vocês: o mercado de pesquisa é para todos aqueles que acreditam no seu potencial, que sabem que a sua pesquisa é inovadora e fará a diferença para o mundo. Com o aumento das universidades pelo Brasil, temos vários campos inexplorados que necessitam de pesquisadores. Desde muito cedo, a minha curiosidade fez com que eu fosse uma aluna que perguntava muito e não me contentava com respostas do tipo "porque sim". Toda essa avidez por conhecimento fez com que eu me identificasse tanto com a área de exatas quanto com a de biológicas. Sendo assim, me formei em processamento de dados e, quase ao mesmo tempo, em medicina. Por sorte, consegui, ao cumprir a exigência de estágio da faculdade, unir as minhas duas paixões em uma instituição que tinha como objetivo pesquisar a união entre informática e saúde. A especialização fez com que eu decidisse, de vez, o rumo que daria a minha vida profissional. Muitas pessoas devem estranhar uma médica trabalhando na área de tecnologia. Mas digo que pesquisas requerem inúmeras habilidades e conhecimentos, principalmente se a ideia for criar soluções para problemas reais que afligem a sociedade.Aqui já podem perceber que não importa a formação, mas sim o que o profissional tem para contribuir com a melhoria do planeta. Na área de pesquisas existem médicos, geólogos, designers, urbanistas, tecnólogos, especialistas em mídias digitais, engenheiros, geofísicos, químicos... Todos unidos para desenvolver novas tecnologias que tornem as cidades mais inteligentes. E as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no setor. Mestres e doutoras podem ser vistas em diversos laboratórios e em projetos estratégicos dentro das corporações, colaborando proativamente e de forma eficaz para o desenvolvimento de ferramentas inteligentes para soluções de saúde, sistemas humanos, recursos naturais e sensoriamento urbano, por exemplo. Percebo que, nestes meus anos de experiência, com as empresas investindo em pesquisa & desenvolvimento, a oportunidade para pesquisadoras mudou muito. Hoje, a perspectiva se ampliou além das universidades e institutos de pesquisas do governo, e profissionais de diversos ramos de atuação podem se aventurar também na área de pesquisas de empresas privadas. E chances de se destacar sempre surgem, com avanço da tecnologia e exigência de conhecimentos cada vez mais específicos para lidar com as mudanças pelas quais o mundo tem passado.Computação em nuvem para diversos segmentos industriais, análise inteligente de dados para traçar perfis e sentimentos, mapeamento de mídias sociais para conhecer o público, exploração inteligente de petróleo e gás, tráfego inteligente e desenvolvimento de ferramentas colaborativas. Estes são apenas alguns dos exemplos de tendências que têm norteado o mercado, e que podem contar com inúmeros conhecimentos para se tornarem realidade. Vendo este cenário, você pode perceber que há oportunidades infinitas neste mercado, e que você, independentemente da formação acadêmica, pode colaborar para tornar muitas melhorias em realidade. Afinal, cada um tem sua experiência e pode colaborar de forma única para tornar o planeta melhor. Muitas empresas têm estabelecido seus laboratórios de pesquisas no Brasil, o que aumenta ainda mais as oportunidades de carreira. Sugiro que analisem a demanda e a área de atuação destas organizações, analisando se o seu perfil está adequado ao da companhia e se o seu ideal profissional está de acordo com o que está sendo desenvolvido. As possibilidades são diversas, basta procurar algo que realmente o faça feliz. Quem diria que eu, uma médica, estaria atuando em um laboratório de tecnologia? Abra sua mente e descubra novos desafios. PESQUISADORA DA ÁREA DE SISTEMAS HUMANOS DO LABORATÓRIO DE PESQUISAS DA IBM BRASIL, É MÉDICA E DOUTORA EM ENGENHARIA ELÉTRICA

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