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Mundo pode ter escassez de petróleo em cinco anos

Segundo relatório, a demanda subiria de 31 para 36 milhões de barris diários

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Por Redação
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O mundo poderia viver uma escassez de petróleo em apenas cinco anos se a demanda pelo produto continuar subindo nos mercados emergentes e o cartel dos principais produtores, a Opep, continuar reticente em relação a produzir mais combustível. O alerta consta do Relatório do Mercado Petroleiro no Médio Termo, produzido pela Agência Internacional de Energia (AIE), que acompanha o mercado de energia e aconselha 26 países industrializados em relação ao futuro. O analista de petróleo e um dos autores do estudo, Eduardo López, disse à BBC que, nas condições atuais, a demanda por petróleo subiria de 31 milhões de barris diários de petróleo para algo em torno de 36 milhões de barris por dia em 2012. "Esta escassez teria de ser resolvida de algum modo. Isso não quer dizer automaticamente que os preços subirão, poderia haver mais produção, por exemplo, ou menor demanda, se houver um acontecimento inesperado na economia mundial", afirmou. "Se isto não se resolve com o tempo, se resolverá via preços." Produção O relatório é divulgado no instante em que o barril já ultrapassa os US$ 75 nos mercados internacionais, e o planeta discute alternativas de reduzir o consumo dos combustíveis fósseis. A produção já tem caído em áreas como o Golfo do México e o Mar do Norte, porque, segundo López, as explorações já estão em seu estágio "maduro e declinam naturalmente". O especialista aponta que o mercado petroleiro teria de enfrentar gargalos neste momento e no futuro. Neste momento, o problema seria harmonizar o nível de oferta de combustível com o nível de demanda, acelerada sobretudo pelas "quantidades maciças" consumidas pela China e outros emergentes. É que o cartel de produtores, a Opep, tem hesitado em aumentar a produção, demonstrando receios em relação aos prospectos da demanda futura. Dentro da organização, países como a Venezuela, por exemplo, defendem altos preços para o petróleo. "Além disso, toda esta produção toma tempo. É preciso investir, explorar, toma tempo. Talvez os principais atores decidam produzir mais. Mas haverá tempo?", questiona López. Futuro O analista aponta ainda outro problema, no futuro: como refinar o petróleo produzido adicionalmente. Novas áreas petroleiras, como a Faixa do Orinoco na Venezuela, até poderiam ser exploradas, mas terão de enfrentar o gargalo do refino. "O presidente Hugo Chávez pode ter uma grande quantidade de petróleo, mas é um petróleo de má qualidade, que necessita de altos investimentos em refino, e poucos lugares do mundo têm (esta infra-estrutura), notavelmente os Estados Unidos", disse López. "Pode-se estar nadando em petróleo pesado, mas se não há como refiná-lo, é absolutamente inútil." Para ele, "a Opep deveria produzir mais, em antecipação ao aumento da demanda. Esse é um problema hoje." "No futuro, o problema é: os atores tanto da Opep quanto de fora da Opep estarão prontos para produzir o petróleo que se necessitará sob os pressupostos da demanda atual, uma demanda impulsionada sobretudo pelos países emergentes, notavelmente a China? Essa é a questão."

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