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Mutação do novo coronavírus deixa bolsas em alerta

Ibovespa fecha com queda de 1,86%; recuo foi atenuado após a OMS considerar improvável que a nova cepa inviabilize as vacinas

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast), André Marinho , Paula Dias e Douglas Gavras
Atualização:

A bolsa brasileira e boa parte dos mercados internacionais iniciaram a semana de Natal em queda, pelo temor causado pela mutação do novo coronavírus identificada no Reino Unido. A queda só perdeu intensidade à tarde, após autoridades, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), considerarem ser improvável que a variante inviabilize as vacinas. Nos EUA, a perspectiva de aprovação de um novo pacote de estímulos ajudou a aliviar as tensões. 

Outdoor emPiccadilly Circus, emLondres, alerta sobre o aumento de casos de covid-1 Foto: Tolga Akmen / AFP

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Nesta segunda-feira, 21, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, caiu 1,86%, aos 115.822,57 pontos, após ter encerrado a semana passada em 118 mil pontos. 

As ações de Petrobrás, Vale e das empresas aéreas seguiram no vermelho. O dólar operou o dia todo em alta, mas depois de bater em R$ 5,22, terminou com valorização de 0,78%, a R$ 5,12. 

O Ibovespa seguiu as bolsas de Londres (-1,73%) e Paris (-2,43%), entre outras, que também fecharam em queda. Segundo o economista-chefe da Necton, André Perfeito, o mercado reagiu mal em um primeiro momento à fala preocupada do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e à ideia de que a variante do vírus prejudique a reabertura dos países, provocando um novo tranco no setor de serviços.

“A situação é de preocupação, mas a fervura subiu e passou ao longo do dia, poderia ter sido pior. Algumas notícias positivas, como a possibilidade de registro da vacina no Brasil, acabaram ajudando o Ibovespa. E é preciso lembrar que ele caiu um pouco, após ter subido nos últimos dias.”

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, afirmou à tarde que o Reino Unido tem reportado que a variante de coronavírus não afeta a eficácia da vacina. Para Regis Chinchila, da Terra Investimentos, as falas da OMS aliviaram as tensões. “Mas a cautela permanece, porque o investidor ainda não consegue medir o impacto na Inglaterra de um novo lockdown.” 

Nos Estados Unidos, as bolsas tiveram alívio, apesar da identificação da nova cepa do coronavírus. A notícia foi compensada pelo avanço na aprovação de um novo pacote fiscal, de US$ 900 bilhões. Os congressistas corriam para aprovar o texto, mas ele não havia passado até o fechamento desta edição.

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O índice Dow Jones encerrou com alta de 0,12%. O S&P 500 perdeu -0,39%, e o Nasdaq cedeu -0,10%. O VIX, termômetro do medo em Wall Street, saltou 16,64%, a maior alta diária desde outubro.

Temor leva investidor ao dólar

Os temores dos efeitos da descoberta no Reino Unido de uma variante do novo coronavírus não afetaram só as bolsas no Brasil e na Europa: o dólar operou em ritmo de valorização ontem, em relação a moedas rivais e emergentes. A notícia levou os investidores a buscarem segurança na divisa americana. 

O índice DXY, que mede a variação da moeda dos Estados Unidos ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou em alta de 0,03%, a 90,043 pontos, depois de chegar a bater a marca de 91 pontos no início do dia. O movimento só diminuiu no fim da sessão, enquanto autoridades de saúde minimizaram o efeito da mutação nas vacinas.

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Também contribuíram para a melhora no humor os avanços na tramitação da legislação que prevê nova rodada de estímulos fiscais nos Estados Unidos.

“O pacote de estímulo é uma razão a mais para otimismo com 2021”, afirma o economista da Capital Economics, Paul Ashworth, em nota. Ele elevou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA para o ano que vem de 5% para 5,5% por conta do acerto final para o pacote. 

Enquanto isso, britânicos e europeus seguem em impasse nas negociações por um acordo comercial para o período subsequente ao Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, que será oficializada no próximo dia 1.º de janeiro. Boris Johnson tenta um último esforço para superar as divergências nas discussões.

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Com isso, o euro se desvalorizava a US$ 1,2236 e a libra caía a US$ 1,3456. “O Brexit e o coronavírus devem beneficiar o dólar, à medida que investidores buscam ativos de segurança”, avalia a analista Kathy Lien, da BK Asset Management. 

Na comparação com divisas emergentes, a moeda dos Estados Unidos também teve uma sessão de ganhos ontem: perto do fim dos negócios em Wall Street, o dólar avançava a 83,1821 pesos argentinos, a 19,9726 pesos mexicanos e a 14,6286 rands sul-africanos. / 

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