21 de dezembro de 2020 | 20h33
A bolsa brasileira e boa parte dos mercados internacionais iniciaram a semana de Natal em queda, pelo temor causado pela mutação do novo coronavírus identificada no Reino Unido. A queda só perdeu intensidade à tarde, após autoridades, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), considerarem ser improvável que a variante inviabilize as vacinas. Nos EUA, a perspectiva de aprovação de um novo pacote de estímulos ajudou a aliviar as tensões.
Nesta segunda-feira, 21, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, caiu 1,86%, aos 115.822,57 pontos, após ter encerrado a semana passada em 118 mil pontos.
As ações de Petrobrás, Vale e das empresas aéreas seguiram no vermelho. O dólar operou o dia todo em alta, mas depois de bater em R$ 5,22, terminou com valorização de 0,78%, a R$ 5,12.
O Ibovespa seguiu as bolsas de Londres (-1,73%) e Paris (-2,43%), entre outras, que também fecharam em queda.
Segundo o economista-chefe da Necton, André Perfeito, o mercado reagiu mal em um primeiro momento à fala preocupada do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e à ideia de que a variante do vírus prejudique a reabertura dos países, provocando um novo tranco no setor de serviços.
“A situação é de preocupação, mas a fervura subiu e passou ao longo do dia, poderia ter sido pior. Algumas notícias positivas, como a possibilidade de registro da vacina no Brasil, acabaram ajudando o Ibovespa. E é preciso lembrar que ele caiu um pouco, após ter subido nos últimos dias.”
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, afirmou à tarde que o Reino Unido tem reportado que a variante de coronavírus não afeta a eficácia da vacina. Para Regis Chinchila, da Terra Investimentos, as falas da OMS aliviaram as tensões. “Mas a cautela permanece, porque o investidor ainda não consegue medir o impacto na Inglaterra de um novo lockdown.”
Nos Estados Unidos, as bolsas tiveram alívio, apesar da identificação da nova cepa do coronavírus. A notícia foi compensada pelo avanço na aprovação de um novo pacote fiscal, de US$ 900 bilhões. Os congressistas corriam para aprovar o texto, mas ele não havia passado até o fechamento desta edição.
O índice Dow Jones encerrou com alta de 0,12%. O S&P 500 perdeu -0,39%, e o Nasdaq cedeu -0,10%. O VIX, termômetro do medo em Wall Street, saltou 16,64%, a maior alta diária desde outubro.
Os temores dos efeitos da descoberta no Reino Unido de uma variante do novo coronavírus não afetaram só as bolsas no Brasil e na Europa: o dólar operou em ritmo de valorização ontem, em relação a moedas rivais e emergentes. A notícia levou os investidores a buscarem segurança na divisa americana.
O índice DXY, que mede a variação da moeda dos Estados Unidos ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou em alta de 0,03%, a 90,043 pontos, depois de chegar a bater a marca de 91 pontos no início do dia. O movimento só diminuiu no fim da sessão, enquanto autoridades de saúde minimizaram o efeito da mutação nas vacinas.
Também contribuíram para a melhora no humor os avanços na tramitação da legislação que prevê nova rodada de estímulos fiscais nos Estados Unidos.
“O pacote de estímulo é uma razão a mais para otimismo com 2021”, afirma o economista da Capital Economics, Paul Ashworth, em nota. Ele elevou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA para o ano que vem de 5% para 5,5% por conta do acerto final para o pacote.
Enquanto isso, britânicos e europeus seguem em impasse nas negociações por um acordo comercial para o período subsequente ao Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, que será oficializada no próximo dia 1.º de janeiro. Boris Johnson tenta um último esforço para superar as divergências nas discussões.
Com isso, o euro se desvalorizava a US$ 1,2236 e a libra caía a US$ 1,3456. “O Brexit e o coronavírus devem beneficiar o dólar, à medida que investidores buscam ativos de segurança”, avalia a analista Kathy Lien, da BK Asset Management.
Na comparação com divisas emergentes, a moeda dos Estados Unidos também teve uma sessão de ganhos ontem: perto do fim dos negócios em Wall Street, o dólar avançava a 83,1821 pesos argentinos, a 19,9726 pesos mexicanos e a 14,6286 rands sul-africanos. /
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