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Na 25 de Março, ex-bombeiro e ex-cabelereira

Ele quer continuar como vendedor ambulante; ela faz planos de voltar em breve para a profissão

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

A menos de 20 metros de distância na rua 25 de Março, no centro da capital paulista, dois ambulantes revelam facetas diferentes da informalidade. 

O ex-bombeiro civil Vinícius Silva Pereira, de 23 anos, está há cinco anos na informalidade por opção. “Pedi demissão e vim para a informalidade porque é melhor.” 

Ex-bombeiro civil, Pereira optou por ser ambulante Foto: Gabriela Biló/Estadão

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Como bombeiro civil, ele ganhava R$ 2,8 mil por mês e trabalhava dia sim, dia não. Como ambulante, hoje trabalha seis dias por semana, e, dependendo do mês, tira entre R$ 3 mil e R$ 4,5 mil com a venda de mercadorias da época. Na semana passada, por exemplo, vendia pen drive. 

Já a ambulante M.S., de 35 anos, há dois acabou indo para informalidade por falta de opção. Cabeleireira, ela tinha um ponto alugado, onde atendia às clientes. “Mas tudo ficou muito caro, o aluguel, os produtos, e o movimento caiu muito.” Por isso, ela conta que resolveu fechar o salão e trabalhar em casa, mas não teve retorno financeiro. A saída para a ex-cabeleireira foi seguir a trajetória do marido que virou ambulante depois de perder o emprego como ajudante de pedreiro.

Ex-cabelereira quer voltar a ter trabalho formal Foto: Gabriela Biló/Estadão

No começo, M.S. vendia água. Mas como é uma mercadoria pesada para ela, caso precise correr da fiscalização, acabou vendendo itens mais leves. “O que eu tenho aqui é uma mini Pagé”, diz ela, fazendo alusão à Galeria Pagé, que reúne lojas de eletrônicos, também na rua 25 de Março.

Trabalhando como ambulantes, ela e o marido tiram entre R$ 5 mil e R$ 7 mil líquidos por mês. Quando era cabeleireira e pagava impostos e o marido tinha carteira assinada, a renda do casal, que tem dois filhos, era um pouco menor. “Gostaria de voltar para a formalidade e ter a minha própria empresa”, diz a ex-cabeleireira. Ela conta que o marido também gostaria de voltar a ter carteira assinada.

Para o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da FGV/Ibre, o ex-bombeiro e a ex-cabeleireira mostram os dois fatores que impulsionam a economia informal: questões conjunturais e estruturais.  Pereira se tornou ambulante porque a economia formal é muito regulada, o que encarece as contratações para quem emprega e significa descontos elevados no holerite. Resultado: a renda líquida como informal é maior, o que faz com Pereira não desista da nova atividade. 

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Já a ex-cabeleireira foi empurrada para a informalidade por causa da crise. Com a retomada, ela deve voltar para formalidade, prevê o economista.

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