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Na Assembléia, PT diz que é contra venda

Apesar do discurso crítico, aprovação é dada como certa ainda este ano

Por Clarissa Oliveira
Atualização:

Apesar da expectativa de que a venda da Nossa Caixa seja aprovada sem a menor dificuldade na Assembléia Legislativa, o PT empenhou-se - ao menos no discurso - em criticar duramente a operação. Reconhecendo que está em "aparente contradição", pelo fato de o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estar por trás da compra, petistas não economizaram nos ataques. Na prática, entretanto, nem os críticos mais ferrenhos duvidam que o aval dos deputados sairá ainda este ano. "É um negócio ruim para o governo do Estado. O fato é que São Paulo perde um importante instrumento de fomento", disse o líder do PT na Assembléia, deputado estadual Roberto Felício. Ele afirmou que o negócio serve apenas aos interesses políticos do governador José Serra, que terá um reforço de caixa para investimentos, no momento em que seu nome ganha força para a disputa presidencial de 2010. Felício disse que o Banco do Brasil foi guiado por "interesses comerciais". "Claro que, se o governo do Estado decide vender a Nossa Caixa, o Banco do Brasil vai se apresentar. Mas não significa que o governo Lula acredite que a Nossa Caixa deve ser vendida." Líder da minoria na Assembléia, o deputado Ênio Tatto (PT) seguiu a mesma linha. Assim como Felício, ele reconheceu que o fato de a base governista contar com nada menos do que 70 deputados é garantia de que a venda será aprovada. Ainda assim, ele disse que o PT quer a garantia de que o acordo não trará demissões e que o BB assumirá um papel de fomento no Estado. "São Paulo não deveria abrir mão de ter um banco." Na base de apoio de Serra, entretanto, o clima já é de vitória. Ontem, líderes governistas trocaram telefonemas com petistas, para preparar o terreno para a chegada do projeto na Assembléia, previsto para segunda ou terça-feira. Entre apoiadores do governo, a tese é de que, com o Banco do Brasil como comprador, nem o PT vai atrapalhar a votação. E, em caso de qualquer dificuldade, um simples pedido do presidente Lula ou do governador José Serra resolveria a questão. "As condições políticas para uma aprovação ainda este ano são muito favoráveis e eu acredito que ela vai acontecer", afirmou o presidente da Assembléia, deputado Vaz de Lima (PSDB). "Poderá haver mais ou menos dificuldade, dependendo do texto. Mas há um interesse de Estado no negócio." O líder tucano na Casa, deputado Samuel Moreira (PSDB), não escondeu o otimismo. "Acho que o processo todo será muito tranqüilo", afirmou. "Tenho convicção de que poderá haver uma ou outra emenda. Mas, ao final, será certamente aprovado", completou o líder do DEM, Estevam Galvão. Ainda assim, até na base governista há quem discorde do negócio. O deputado Pedro Tobias (PSDB) avisou que só vota a favor se estiver convencido de que será um bom negócio para o Estado. "Em princípio, eu sou contra. Se me convencer, eu voto a favor. Mas, se eu não estiver convencido, não há nada que me faça votar."

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