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Na contramão da crise, supermercados contratam e traçam planos de expansão

Beneficiado por ter ficado aberto durante a pandemia, setor tenta se manter à medida que economia reabre: até o fim do ano, redes vão apostar em promoções e na inauguração de lojas de diversos formatos

Por Douglas Gavras
Atualização:

As incertezas quanto aos desdobramentos da pandemia do novo coronavírus no País têm feito boa parte do empresariado congelar investimentos, mas um segmento em particular não deve recuar nas inaugurações e contratações previstas até o fim do ano: o de supermercados. 

Por prestarem um serviço considerado essencial, os supermercados tiveram a vantagem de permanecerem abertos durante a quarentena e também foram beneficiados pelo auxílio emergencial de R$ 600 para desempregados e trabalhadores informais de baixa renda, cujo destino principal foi a compra de alimentos, artigos de higiene e medicamentos.

A rede Hirota está buscando novos formatos de loja, com unidades sendo abertas em estações de metrô. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Por causa da pandemia, as vendas do varejo caíram 2,8% em março e 16,3% em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio, houve recuperação de 13,9%, insuficiente para repor as perdas, mas impulsionada, em boa parte, pelas vendas feitas em supermercados, que cresceram 14,3% naquele mês. 

Além disso, o setor alimentar teve o melhor resultado para o mês de maio em contratações desde 2010. No Estado de São Paulo, foram abertas 1.273 vagas, segundo levantamento feito pela Apas a partir do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O presidente da Apas, Ronaldo dos Santos pondera que os supermercados devem notar uma queda nos negócios à medida que a reabertura do comércio se consolidar. O setor caiu de 0,4% em junho, ante o mesmo período de 2019, após ter tido alta de 12,3% em maio, segundo dados exclusivos obtidos pelo Estadão. “O setor já esperava uma retração nas vendas devido ao aumento do desemprego, o que obriga os consumidores a serem mais seletivos.”

Aberturas e descontos

Para contornar a perda de renda do consumidor, as empresas apostam em novos modelos de lojas, prêmios e promoções. O Hirota é um exemplo disso. Em agosto, a rede vai sortear um ano de supermercado grátis, com compras de até R$ 1 mil mensais, para 16 clientes. Nas unidades Express, os clientes vão concorrer a uma moto Honda PCX a cada R$ 30 em compras.

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Segundo Hélio Freddi, diretor do grupo, o objetivo é criar uma agenda positiva. A rede inaugurou nesta semana a primeira loja do modelo Hirota Express em Casa, em que uma loja física, totalmente automatizada e instalada em um contêiner adaptado, é colocada dentro de um condomínio residencial. Até o fim do ano, a empresa vai inaugurar 18 lojas de diferentes modelos e reformar duas unidades em São Paulo.

No Carrefour, a rede manteve os preços de 200 itens básicos congelados desde o início da pandemia e espera aumentar a participação de seus produtos de marca própria, mais baratos, nas gôndolas. Entre o ano passado e este ano, a fatia nas vendas de produtos de marca própria aumentou de 7% para 14%. 

“Ainda há muita incerteza quanto aos desdobramentos da pandemia, mas nossos planos de investimento não mudaram”, diz Stéphane Engelhard, vice-presidente de relações institucionais do Grupo Carrefour Brasil. Além da expansão no varejo, a expectativa é que o grupo mantenha a previsão de abrir 20 unidades do Atacadão ainda este ano, segundo o executivo.

Já o GPA deve encerrar o ano com mais 19 lojas do Assaí, sendo 4 em agosto. Também estão previstas inaugurações de até cinco unidades do Pão de Açúcar e mais dez do Minuto Pão de Açúcar, além de outras 50 reformas e conversões. 

No interior paulista, a Savegnago tem planos de expansão. Vai abrir uma loja em Limeira e outra em Araraquara e lançar ainda campanha com distribuição de R$ 1 milhão em prêmios.