Na pesquisa semanal de mercado realizada no auge da crise financeira, divulgada ontem pelo Banco Central (BC), quase todas as projeções das instituições financeiras sobre a economia brasileira melhoraram. Até a mediana (número mais freqüente) das estimativas para o crescimento econômico deste ano subiu, de de 4,6% para 4,62%. Para 2008, passou de 4,30% para 4,35%. Essa revisão se opõe à avaliação da maioria dos economistas, segundo a qual o efeito negativo da atual crise se dará justamente natividade econômica. O dado negativo da pesquisa é sobre a inflação. A mediana das projeções do mercado para o IPCA este ano subiu de 3,75% para 3,77%. A pesquisa do BC é feita com 100 instituições. Essa elevação do IPCA ainda não está relacionada à subida da cotação do dólar, como explicou o economista-chefe da Corretora Concórdia, Elson Teles. ''''O que estamos vendo ainda é efeito do aumento dos preços agrícolas nas últimas semanas'''', disse. A alta dos preços agrícolas, segundo Teles, vem sendo puxada pelo crescimento do uso do etanol e por um processo de recuperação dos preços de carnes e leite. Houve melhora também na projeção do mercado para a dívida líquida pública, que caiu de 43,58% do Produto Interno Bruto (PIB) ao final deste ano para 43,50% do PIB. É a terceira redução seguida dessa estimativa, que estava em 43,8% do PIB há quatro semanas. A projeção da dívida líquida para 2008 foi mantida em 42% do PIB pela segunda semana seguida. A redução do comércio mundial é apontada pela maioria dos economistas como provável resultado da crise financeira. A avaliação é que haverá queda de consumo e da atividade econômica nos Estados Unidos , o que resultará em menores importações. Nesse cenário, as exportações brasileiras diminuiriam. Mas o Relatório de Mercado ainda não incorpora essa possibilidade. As projeções para o superávit comercial do País neste ano ficaram estáveis em US$ 43 bilhões. Para 2008, continuaram em US$ 37,15 bilhões. As projeções de superávit em conta corrente permaneceram em US$ 11,50 bilhões. É provável que as instituições financeiras não quiseram repassar para as projeções o pessimismo que caracterizou o mercado nos últimos dias. A instabilidade dos mercados e a falta de clareza sobre o comportamento futuro da economia americana parecem ter sido os principais motivos para a cautela. Prova disso é a manutenção da expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) fará um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juro (Selic), na reunião de setembro.