Na contramão, Petrobrás perde valor de mercado

Marcada pelo receio de ingerência política, petroleira perdeu 25% de seu valor no ano; rivais viram ação subir

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Por Fernanda Nunes
2 min de leitura

RIO - A recuperação do preço do petróleo nos últimos meses levou as petroleiras ao redor do mundo a ganharem mais tanto na operação, vendendo petróleo e derivados, quanto com a valorização das suas ações no mercado financeiro. Nessa última ponta, no entanto, a Petrobrás ficou para trás. 

Abalada pelo receio de interferências do governo na empresa, que culminou com a demissão do presidente da companhia, Roberto Castello Branco, a petroleira brasileira perdeu 25% de valor de mercado desde janeiro – o montante caiu de R$ 381,5 bilhões no primeiro pregão do ano para R$ 286 bilhões última sexta-feira. Em trajetória oposta, alguns dos seus pares – BP, Equinor, Exxon e Shell – passaram a valer 10% mais, segundo a consultoria Stonex. A Petrobrás foi a que teve o pior desempenho no mercado financeiro no período.

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Para analistas, o que mudou foi a percepção entre os investidores de que o governo está se valendo da posição de controlador da estatal para contrariar a decisão do atual comando da empresa de manter o valor dos seus combustíveis alinhados aos de importação.

Roberto Castello Branco, presidente da Petrobrás, demitido por Bolsonaro Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Política de Paridade Internacional (PPI) foi adotada em 2016 e vem sendo mantida até hoje. Ela foi pensada para viabilizar a abertura do mercado de combustíveis à concorrência, com atração de importadores e novos investidores em refinarias, onde o petróleo é transformado em derivados.

Desde então, o diesel e a gasolina encarece na bomba à medida que o petróleo sobe na Bolsa de Londres. “Basicamente, as ações da Petrobrás caíram por causa da interferência política, porque o petróleo segue em recuperação”, disse o analista de Petróleo e Gás Natural da Stonex, Thiago Silva. O barril, tipo Brent, registra alta de quase 25% no ano.

CEO da consultoria JGlobal Energy, Cristiano Costa diz que o mercado está muito descrente de que o PPI será mantido. “Prova disso foi a troca do presidente da empresa, após o último reajuste. A minha percepção é de que ela está indo para um rumo não muito interessante para os acionistas”, afirmou.