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Na crise, juro do rotativo do cartão cai em junho, mas continua acima de 300% ao ano

Com a carência de recursos, famílias aumentaram a demanda por linhas de crédito nos bancos

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Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - Com as famílias em dificuldades para fechar as contas durante a pandemia do novo coronavírus, em meio à retração da atividade e ao desemprego, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu 4,7 pontos porcentuais de maio para junho, informou nesta quarta-feira, 29, o Banco Central (BC). A taxa passou de 305,0% para 300,3% ao ano.

O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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Os dados apresentados pelo BC são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população, reduzindo a atividade das empresas e elevando o desemprego. Com a carência de recursos, as famílias aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos. O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades.

O juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. Dentro desta modalidade, a taxa da modalidade rotativo regular passou de 248,9% para 242% ao ano de maio para junho. Neste caso, são consideradas as operações com cartão rotativo em que houve o pagamento mínimo da fatura.

Já a taxa de juros da modalidade rotativo não regular passou de 335,8% para 334% ao ano. O rotativo não regular inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatura não foi realizado.

No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 138,4% para 118,7% ao ano.

Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 76,7% para 69,8%.

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

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Atualmente, porém, o risco de inadimplência aumentou, justamente porque muitas famílias estão enfrentando redução de renda, na esteira da pandemia.

No geral, a taxa média de juros no crédito livre (recursos que os bancos podem emprestar sem exigências do governo) caiu de 29,6% ao ano em maio para 27,9% ao ano em junho. Em junho de 2019, essa taxa estava em 37,6% ao ano.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 42,9% para 40,7% ao ano de maio para junho, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 14,2% para 13,0% ao ano.

Cheque especial

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Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, há destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 116,1% ao ano para 110,2% ao ano de maio para junho. No crédito pessoal, a taxa passou de 33,4% para 32,7% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.

Em função da ineficácia da autorregulação da Febraban, o BC anunciou a limitação dos juros do cheque especial em 8% ao ano (151,82% ao ano). A nova regra começou a valer em 6 de janeiro deste ano.

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Além da limitação do juro, os dados de hoje também refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Os dados divulgados pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 19,5% ao ano em maio para 19,0% em junho.

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A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 20,5% ao ano em maio para 19,3% ao ano em junho. Em junho de 2019, estava em 24,8%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,5 ponto porcentual em maio ante junho, aos 18,7% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.