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Na economia e no futebol, Alemanha leva a melhor perante a Grécia

Alemães venceram os gregos por 4x2 e foram à semifinal da Eurocopa

Por Jamil Chade e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

GENEBRA - Um time entra em campo e, no lugar do nome do patrocinador, apenas a palavra "Alemanha". Do outro lado do campo, outro time: o da seleção da Alemanha. O árbitro então decide ir ao capitão da equipe com o patrocinador e perguntar: afinal, quem são vocês...A resposta não poderia ter sido mais clara: "Somos a Grécia. A Alemanha apenas é o patrocinador". A piada é uma das dezenas que percorreu a Europa nesta sexta.

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No fim das contas, o poderio alemão prevaleceu também no futebol: o time bateu a Grécia por 4x2 e, agora, segue para a semifinal da Eurocopa.

Num ato chamado por muitos de "provocação", a chanceler Angela Merkel esteve presente no estádio. Os jornais alemães não perderam a ocasião e alertaram aos gregos que, em campo, não haverá "resgate".

O jogo se transformou num dos maiores acontecimentos políticos do continente em semanas. Jogadores e técnicos insistiram em não politizar o confronto. Mas no campo grego, todos falavam em "dar o máximo" para compensar o trauma que a sociedade vive. Não deu certo.

Mas o consenso é que a partida significava muito mais que um jogo de futebol. A Europa vive sua pior crise em 70 anos e a relação entre Berlim e Atenas se transformou num espelho de todos os problemas.

De um lado, a Grécia falida pede ajuda da rica Alemanha. Berlim, porém, apenas aceita dar um resgate diante de uma reforma profunda na economia grega. O resultado tem sido recessão e um desemprego recorde. O número de suicídios triplicou e milhares de jovens deixam a Grécia. Em Atenas, a acusação é dirigida contra a Alemanha, que se recusa a ver o tamanho do estrago social que está causando.

Há poucos meses, os gregos já começaram a mostrar Merkel com um bigode de Adolf Hitler e lembrar o drama que foi a invasão do país pelos Nazistas. Pesquisas ainda mostram que 70% dos gregos acreditam que a Alemanha quer dominar a Europa. Neste verão europeu, que começou ontem, muitos alemães optaram por outras praias no Mediterrâneo e evitar a Grécia.

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Curiosamente, foi justamente um alemão Otto Rehhagel quem conduziu a Grécia em 2004 ao seu único título internacional, na Eurocopa realizada em Portugal.

Do lado alemão, o argumento é simples: porque é que contribuintes do país precisam pagar pelo resgate de uma economia que fracassou sozinha. O problema, segundo economistas, é que a culpa não é apenas dos gregos. Desde a introdução do euro, quem mais se beneficiou da moeda única foi a Alemanha, mais competitiva que as demais economias e, portanto, capaz de exportar seus produtos.

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