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Na medicina, validação de diploma é centralizada

Prova unificada surgiu após pressão de partidos da base e de familiares de jovens médicos formados em Cuba

Por BRASÍLIA
Atualização:

Em pelo menos um caso, o dos médicos, o governo federal decidiu centralizar a prova de certificação. Nesse caso, para atender a um lobby específico, o das famílias de jovens brasileiros que foram fazer medicina em Cuba e de partidos da base do governo, como o PT e o PCdoB, que encabeçavam o sistema de seleção para as vagas na escola de medicina do país de Fidel Castro.O Revalida, como é chamada a prova, foi criado em 2010 e é preparado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas Educacionais (Inep) e aplicado por 38 universidades públicas.A pressão por um processo de validação de brasileiros formados em medicina no exterior é antiga e começou com a pressão por jovens que faziam a faculdade na Bolívia. Lá não é necessário vestibular para entrar na faculdade e a mensalidade custa, em média, um oitavo do que custa no Brasil. Calcula-se que cerca de 20 mil brasileiros ainda hoje façam medicina na Bolívia. Ainda assim, o governo nunca entrou em campo para arrumar uma solução até 2005, quando o primeiro grupo de 40 jovens médicos formados em Cuba estava para voltar ao Brasil. Não havia impedimento para que fizessem a validação do diploma, mas teriam de passar pelo mesmo sistema burocrático, caro e incerto de todos os demais que tentam o processo. Já naquele ano, o Ministério da Educação tentou acelerar uma solução mas, apesar da pressão política, o processo também foi longo. A solução só veio cinco anos depois. Ainda assim, o Revalida não se transformou em uma garantia de autorização para trabalhar no País. Na primeira edição da prova, em 2010, dos 507 inscritos, apenas dois foram aprovados. No ano passado, foram 677 candidatos e 65 aprovados. A avaliação, formada por uma prova teórica com 110 questões objetivas e cinco discursivas e uma parte prática, cobra protocolos básicos de atendimento, mas tem como foco o que é ensinado no Brasil, onde epidemiologia e doenças tropicais têm um peso forte. / L.P.

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