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Na melhor fase do ano, a piora do emprego

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Por Redação
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O último quadrimestre de cada ano é o período em que as indústrias produzem para o Natal e contratam pessoal temporário, que consome mais e, assim, estimula o comércio, que abre novas vagas. Mas não foi o que ocorreu em setembro, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE: houve apenas estabilidade do emprego nas seis principais regiões metropolitanas, ao lado de uma surpreendente queda do salário dos trabalhadores empregados.Pode ser apenas um soluço, segundo avaliações do IBGE, pois até agosto o comportamento da PME era favorável. Mas consultorias e departamentos econômicos privados, como a LCA e o Bradesco, identificam uma piora nas condições do mercado de trabalho, que já se evidenciava em levantamento anterior do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, revelando a queda do ritmo das contratações.A taxa de desocupação de setembro, de 6%, foi a menor desde 2002, segundo a PME, mas maior do que a prevista (5,8%) pelos analistas privados. Em relação a setembro de 2010, o crescimento da ocupação foi de 1,6%, mas caiu em relação aos 2,2% de agosto. Nesses dois meses, a população economicamente ativa foi a mesma, o que evita o risco de distorções na comparação. Levando em conta a sazonalidade, a taxa de desemprego foi de 6,22%, em setembro.O aspecto mais negativo foi a queda do rendimento médio habitual de 1,8%, entre agosto (R$ 1.637,26) e mês passado (R$ 1.607,60). Segundo o IBGE, indústria e comércio dispensaram 109 mil trabalhadores em setembro - e isso ajuda a explicar a queda da renda. Mas o motivo principal é o impacto da inflação sobre os rendimentos dos trabalhadores.No Rio, região mais afetada, a desocupação aumentou de 5,1% para 5,7%, mas declinou em São Paulo, em Porto Alegre e no Recife. Em Salvador, a desocupação foi a mais alta do País (9%), mas, nessa capital, os rendimentos médios aumentaram entre agosto e setembro.Na indústria, a mais afetada pela desaceleração da economia, o rendimento médio caiu 1,5%. A queda chegou ao setor de serviços, que mantinha um ritmo forte. Entre agosto e setembro, o rendimento médio habitual nos itens educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social caiu 5,2%. Mesmo nos serviços ligados à área de imóveis houve uma queda de 1,8%, no mês, e de 5,4%, no ano. A recuperação, se ocorrer, ficará para 2012, sem que se saiba se o aumento do salário mínimo será positivo ou negativo, do ponto de vista do emprego.

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