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Namoro falso no Facebook vira negócio

É possível comprar um pacote de 'relacionamento virtual' a partir de R$ 10

Por Nayara Fraga
Atualização:

"Eu serei sua namorada no Facebook por uma semana. Colocarei seu nome no meu status de relacionamento e deixarei comentários na sua timeline." A proposta, que aparece no site americano Girlfriendhire, é de uma garota que se identifica como Isabell. O preço: US$ 5. Isabell nunca verá a pessoa ao vivo. O que ela vende é apenas a permissão ao usuário da rede social que deseja, por alguma razão, estar "em um relacionamento sério com Isabell".

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Esse tipo de serviço, em que pessoas supostamente reais se passam por companheiras falsas, tornou-se a principal bandeira do site brasileiro Namoro Fake, lançado há cerca de 20 dias. Amplamente noticiado nesta semana, no Brasil e em veículos americanos, como o blog de tecnologia Mashable e a TV CNBC, a página vendia pacotes para quem quer simular, via Facebook, algum relacionamento. Os perfis das garotas, porém, eram falsos. "São personagens", dizia o site.

Mas, depois da repercussão na imprensa, o Namoro Fake recebeu o contato de várias pessoas que concordaram em se passar por namoradas virtuais. "Decidimos acabar com perfis falsos e oferecer apenas perfis de mulheres verdadeiras", informou o site, que criou a seção "contrata-se namorada" e diz repassar 50% do valor pago pelo cliente em cada atendimento.

O Namoro Fake exibe quatro planos de aluguel de namorada falsa, cujos preços variam de acordo com o grau de relacionamento e o tempo da simulação. A mais barata é a "ficante" de três dias, que faz três comentários no seu perfil no Facebook por R$ 10. A mais cara, de R$ 100, é a "namorada virtual". Com essa última, o usuário finge ter um relacionamento sério por 30 dias e garante 30 comentários da "namorada". E ele mesmo define o texto que ela vai publicar.

Serviços parecidos com esse podem ser encontrados também em sites americanos, que abrem espaço para os próprios usuários anunciarem o serviço que prestam, como o Fiverr. Em todos eles, há a sugestão de usar a nova namorada para provocar ciúmes em outra pessoa ou ainda provar a masculinidade.

Embora já existissem, não foram esses sites as primeiras fontes de inspiração do empresário Flávio Estevam, fundador do Namoro Fake e da empresa MSsites, cuja sede está em Campo Grande. Desenvolvedor de sites há quatro anos, ele observou que amigos faziam comentários maliciosos no Facebook para causar ciúmes na ex-namorada, o que não funcionava. "Em seguida, elaborei em detalhes como resolver essa questão de ter uma 'namorada fake' no Facebook. Testado por algumas pessoas, o resultado foi surpreendente e me deu a certeza que era um produto viável", disse Estevam que agora busca investidores para levar o site para Argentina, Chile e Europa.

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Comprar um status no mundo virtual não é novidade. No Brasil, há jovens que pagam R$ 500 para comprar o status de jogador mais habilidoso em jogos eletrônicos, segundo o coordenador do grupo de dependência tecnológica do Instituto de Psiquiatria da USP, Cristiano Nabuco. "Esse caso no Facebook (do falso namoro) deve seguir os mesmos princípios, mas com usuários adultos."

A curto prazo, segundo Nabuco, a pessoa desfruta de uma valorização social. Mas, ao longo do tempo, ela perde a capacidade de interação social. "Ao fazer isso de maneira séria, ela perpetua sua dificuldade de se relacionar na vida real", diz.

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