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Não cabe ao BC ser criativo na sua missão, afirma Meirelles

O presidente do BC enfatizou que o grande desafio daqui para frente é o de crescer a taxas mais elevadas do que as atuais

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, destacou, nesta sexta-feira em almoço com banqueiros, que não cabe ao BC "ser criativo" em sua missão básica, que é fazer a inflação convergir para as metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional. "Eu vejo um debate intenso sobre isso. Ocorre que o papel fundamental de qualquer BC do mundo é este", afirmou. Meirelles ressaltou diversos indicadores de manutenção da recuperação econômica observada especialmente a partir do final de 2005, entre os quais enfatizou os relacionados à demanda agregada. "Gostaria de chamar a atenção de todos para dois pontos: a produção agrícola, que teve um impacto importante no Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, mas sobre o qual a política monetária não age, e o da questão dos estoques. Houve um ajuste importante de estoques da indústria que está finalizando. O que vemos hoje é uma recomposição importante destes estoques", explicou. Indicadores O presidente do BC também destacou como sinais relevantes deste processo de recuperação e sustentabilidade do crescimento econômico alguns indicadores - a retomada da curva positiva para os números de produção e vendas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de papel ondulado e a estimativa ainda que inicial positiva para a safra agrícola. "Temos um País hoje pronto para crescer de maneira sustentável, de acordo com a sua capacidade e seus limites estruturais de oferta", afirmou. Desafio Nesse sentido, Meirelles enfatizou que o grande desafio daqui para frente é justamente o de crescer a taxas mais elevadas do que as atuais. Defendeu, nesse sentido, que a discussão e o debate econômico não devem estar centrados em fatores, como os juros ou a meta de inflação que, em sua opinião, não são causas, e sim conseqüências da realizada econômica brasileira. "Está na hora de superarmos esse debate para passarmos a discutir o que realmente interessa, que são os limites estruturais da nossa economia para o crescimento maior. Mundo Questionado sobre o ciclo de aperto monetário em algumas das principais economias desenvolvidas do mundo Meirelles afirmou que isso ainda não representa uma ameaça para o Brasil, na medida que, em sua opinião, ainda há muito espaço para as taxas de juro internacionais se movimentarem antes de se entrar em uma região "de problema". "O que aconteceu é que saímos de um ambiente de ameaça de deflação em alguns desses países e estamos entrando agora em um período de normalidade. Não estamos ainda em uma fase de anormalidade", afirmou, acrescentando que ainda há muito espaço, mesmo nesse cenário, para a melhora do prêmio de risco associado à inflação no Brasil. O presidente do BC enfatizou, de qualquer forma, que os reais impactos só poderão ser medidos com mais precisão quando estiverem mais claros o quão prolongados e intensos serão esses movimentos externos.

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