PUBLICIDADE

Publicidade

''Não concordo que o pior ainda está por vir''

Para economista, crise teve características tão peculiares que[br]fizeram com que o ajuste fosse muito rápido

Foto do author Fernando Dantas
Por Fernando Dantas
Atualização:

Zeina Latif, economista-chefe do ING no Brasil, acha que o pior já pode ter acontecido no mercado de trabalho brasileiro. Para ela, os resultados do Caged divulgados ontem, com o ganho líquido de 9.179 vagas formais em fevereiro, reforçam sua visão. A seguir, a entrevista: O desemprego vai piorar? A visão mais comum dos analistas, que é sustentada nos dados que temos do passado, é a de que o mercado de trabalho reage de forma defasada às condições econômicas. No caso das decisões de política monetária, por exemplo, a ideia é de que a repercussão na taxa de desemprego demore mais de um semestre. Nessa linha, alguns economistas de fato acreditam que, apesar de já termos tido uma deterioração do mercado de trabalho, o pior está por vir. Bem, eu não concordo com isso. Qual a sua visão? Para mim, esta crise teve características tão peculiares que fizeram com que o ajuste fosse muito rápido. Tivemos uma parada brusca do crédito e da produção no último trimestre. Isso, por sua vez, antecipou esse canal de contaminação sobre emprego. O empresário ficou sem crédito, a sua confiança despencou e ele não esperou para ver - foi lá e fez a demissão. Isso aconteceu em todos os setores? No caso da indústria, é rápido mesmo, a indústria geralmente reage rapidamente. No setor de serviços e comércio, normalmente é mais defasado. Mas, quando a gente abre os dados do Caged no mês de dezembro, em que houve destruição de mais de 600 mil vagas, dá para ver que foi generalizado, e não só na indústria. Então a minha avaliação é de que este momento que acabamos de viver - dezembro, janeiro, fevereiro - foi o mais crítico, e não tem muito mais para piorar. Qual a sua projeção para o desemprego e o PIB neste ano e no próximo? A média para 2009 de desemprego é de 8,9%, rompendo a barreira dos 9% em abril, maio e junho, até pela sazonalidade. Por causa da minha análise do emprego, estou na ponta mais otimista do mercado, e prevejo crescimento de 1,1% este ano e de 4,5% no próximo, com o desemprego caindo para 6,9% no final de 2010.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.