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''Não é hora de pedir aumento'', diz Lula

Para presidente, trabalhador não vai se beneficiar em época de crise

Por Ricardo Brandt
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem um recado aos trabalhadores: não é hora de pedir aumento. Em discurso para empresários do setor da construção, em São Paulo, Lula disse que, sem produção, não há como evitar o desemprego no País. "Hoje, mais do que fazer uma pauta de reivindicações pedindo mais aumento, temos que contribuir para que a empresa venda mais, porque quanto mais ela vender, mais vai ter trabalhador contratado e mais a gente pode reivindicar aumento", disse o presidente. "Como fui sindicalista, sei que, quando há uma crise econômica em que a empresa não está vendendo seu produto, não há como a gente brigar para segurar o trabalhador", completou. Lula admitiu que "não existe possibilidade" de os trabalhadores se beneficiarem em momentos como esse. "Época de crise é época em que todos perdem", disse Lula durante visita à 17ª Feira Internacional da Indústrias da Construção (Feicon), no Anhembi, em São Paulo. Dias depois de lançar o programa "Minha Casa, Minha Vida", que prevê a construção de 1 milhão de casas populares, Lula defendeu a necessidade de manter a economia girando. "Muita gente ficou preocupada porque eu fui no dia 22 de dezembro em rede nacional de televisão fazer um apelo para que o povo brasileiro não deixasse de consumir. Eu, que a vida inteira preguei contra o consumismo, fui para a televisão dizer que era hora de consumir." Segundo ele, seu gesto era para mostrar que, sem produção, a crise atingiria o País. "O povo não comprando, o comércio não vendendo, a indústria não produzindo seria um caos econômico em qualquer país." Lula voltou a afirmar que não haverá pacotes contra a crise. "O governo vem tomando as medidas adequadas, não tomamos a decisão de fazer nenhum grande pacote, porque todos os pacotes feitos neste país viraram esqueleto e depois o governo tem de pagar", justificou. G-20 O presidente, que embarcou ontem para uma viagem por vários países (Chile, Catar e França), terminando no Reino Unido, para a reunião do G-20 em Londres, disse que vai levar ao encontro dos líderes das maiores economias do mundo a seguinte tese: "Se a gente ficar com medo, tentando resolver apenas o problema dos banqueiros que quebraram, a crise não vai acabar. É preciso que se coloque os títulos podres no arquivo morto, que se coloque dinheiro novo para fazer crédito e vamos tocar o barco para a frente, senão os pobres do mundo é que vão pagar".

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